Golpe milionário: ex-mulher de dono da Embelleze é investigada por desvio de R$ 122 milhões

Uma trama digna de filme policial envolve um dos maiores impérios do setor de beleza no Brasil, a empresa Embelleze. A investigação aponta que Monique Elias, ex-mulher de Itamar Serpa Fernandes, fundador da marca, teria manipulado o empresário por anos, utilizando uma falsa identidade virtual para influenciar suas decisões e desviar mais de R$ 120 milhões.

De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, Monique criou um perfil fictício na internet, se passando por uma mulher chamada Jéssica Ferrer. Através de e-mails manipuladores, essa personagem se tornou uma “confidente” de Itamar, afastando-o de familiares e pessoas próximas, ao mesmo tempo em que o convencia a fazer movimentações financeiras favoráveis a Monique.

Uma golpe construído ao longo de anos na empresa Embelleze

A investigação conduzida pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) revelou que a ex-mulher de Itamar não agiu sozinha. Segundo o relatório, Monique contou com o apoio de seu filho, João Carlos Tavares da Mata Serpa, e do então marido, Matheus Palheiras, para arquitetar o golpe.

Por meio da personagem Jéssica, Monique, que gostava de ser conhecida como “Dona Embelleze”, convencia o empresário a desconfiar da própria família e, ao longo dos anos, fez com que ele se isolasse. O delegado responsável pelo caso, João Valentim Neto, destacou que a abordagem foi planejada e executada de forma minuciosa.

“Ela idealizou uma estratégia deliberada e prolongada de manipulação e isolamento praticado contra Itamar”, afirmou o delegado.

O advogado da família, Alexandre Costa da Silva, reforça a gravidade da situação.

“Foi um trabalho de anos, um trabalho de desconstrução de membros da família, de desconstrução da própria integridade mental do Itamar”, declarou.

A manipulação psicológica também teve reflexos diretos no patrimônio do empresário. De acordo com as investigações, Monique utilizou sua influência para incentivar Itamar a lhe transferir dinheiro, enquanto seu filho João realizava movimentações financeiras sem autorização.

Em junho de 2023, quando Itamar foi hospitalizado devido a uma complicação no fígado, Monique teria impedido que familiares próximos visitassem o empresário. Durante esse período, João realizou pelo menos 21 transferências bancárias, totalizando R$ 400 mil. Itamar Serpa faleceu no dia 18 de julho de 2023, após uma cirurgia.

A investigação aponta que, no total, R$ 122 milhões foram desviados por meio de transferências bancárias, compra e venda de imóveis, alterações em apólices de seguro e fraudes no testamento.

Indiciamento e defesa dos acusados

Monique Elias, Matheus Palheiras e João Carlos foram indiciados por estelionato, furto mediante fraude e associação criminosa. A polícia também investiga se há indícios de lavagem de dinheiro.

Em nota, Monique Elias afirmou que está sendo alvo de uma campanha para destruir sua reputação e que acredita que a Justiça prevalecerá.

“Mais uma vez, uma mulher honesta, que construiu família e tem três filhos do falecido, está sendo vítima de uma campanha para assassinar sua reputação e ceifar sua dignidade, antes do devido processo legal”, declarou.

A defesa de Matheus e João não se manifestou. As investigações continuam para esclarecer todos os detalhes da fraude e recuperar os valores desviados.