A Polícia Federal revelou áudios inéditos que expõem os bastidores de uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Os arquivos, obtidos por meio de apreensões e quebras de sigilo, mostram diálogos entre militares e civis que planejavam interromper a democracia no país.
Entre os materiais analisados, um dos áudios capturados foi enviado pelo tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, que à época estava no Comando de Operações Terrestres do Exército. Na gravação, ele diz: “A gente não sai das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair. Ou então eles vão continuar dominando a gente.”
De acordo com a investigação, militares de alta patente que faziam parte da trama do golpe mantinham contato direto com manifestantes e atuavam para garantir que seus pedidos chegassem até o então presidente Jair Bolsonaro. A estratégia do grupo seria incentivar protestos contínuos e questionamentos sobre a legitimidade das urnas eletrônicas.
A Polícia Federal apreendeu 1,2 mil dispositivos eletrônicos dos investigados, extraindo cerca de 255 milhões de mensagens de áudio e vídeo. Ao longo da apuração, foram produzidos 1.214 laudos que, segundo os investigadores, confirmam as intenções golpistas.
As evidências também indicam que integrantes do governo Bolsonaro pressionaram os comandantes militares para que apoiassem uma ruptura institucional.
Posicionamento dos citados
Em resposta às investigações, a defesa do general Mario Fernandes afirmou que ainda não teve acesso total ao material e que a denúncia apresenta apenas trechos isolados. Segundo a nota, Fernandes prestou serviços relevantes ao país e demonstrará sua inocência.A defesa do tenente-coronel Mauro Cid optou por não se manifestar.
Já a ex-ministra e atual senadora Damares Alves declarou não se lembrar de ter repassado o contato de uma assessora do ex-presidente para apurar supostas fraudes nas urnas eletrônicas.
Até o momento, o Fantástico (que divulgou os áudios com exclusividade) não conseguiu contato com a defesa dos demais citados no caso.