A Polícia Federal (PF) começou a análise dos celulares e equipamentos eletrônicos apreendidos na Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A prioridade agora é extrair informações dos dispositivos para aprofundar a investigação.
A Direção-Geral e a Diretoria Técnico-Científica da PF determinaram que a perícia nos equipamentos seja tratada como urgente. Em Brasília, o Instituto Nacional de Criminalística ficará responsável pelos exames dos celulares vinculados ao inquérito principal.
Nos demais Estados, cada equipe conduzirá a própria análise. A expectativa é que o material apreendido revele detalhes sobre o destino dos valores desviados, que, segundo estimativas, podem chegar a R$ 6,3 bilhões.
Durante entrevista coletiva, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que foram abertos doze inquéritos para apurar o esquema. Já o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, destacou que a operação busca identificar operadores financeiros e rastrear a aplicação do dinheiro desviado.
Além dos celulares, a PF apreendeu carros de luxo, obras de arte e relógios durante a operação. Muitos desses bens podem ter sido adquiridos com recursos descontados irregularmente de aposentados e pensionistas.
Como funcionava a fraude do INSS
A investigação revelou que entidades associativas realizavam descontos mensais nos benefícios de aposentados sem qualquer autorização. De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), as associações prometiam serviços como descontos em academias e planos de saúde, embora não tivessem estrutura para oferecer essas vantagens.
Entre 2019 e 2024, os desvios chegaram a números alarmantes, envolvendo fraudes sistemáticas em todo o país.
Seis servidores públicos, incluindo Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS, foram afastados de suas funções. Stefanutto acabou sendo demitido logo após a operação.
As entidades sob investigação são: Ambec, Sindnapi/FS, AAPB, Aapen, Contag, AAPPS Universo, Unaspub, Conafer, Adpap Prev, ABCB Clube de Benefícios/Amar Brasil e Caap.
As apurações continuam em ritmo acelerado, com a PF prometendo mais desdobramentos nos próximos dias.