O cinema brasileiro volta a brilhar no cenário internacional. O diretor Kleber Mendonça Filho, conhecido por obras que mergulham na política e nas complexidades sociais do Brasil, foi confirmado na disputa pela Palma de Ouro no Festival de Cannes com seu novo filme, O Agente Secreto.
A seleção foi anunciada nesta quinta-feira, 10, pelo diretor geral do evento, Thierry Frémaux. O longa é um thriller político ambientado em 1977, durante o período da ditadura militar, e promete trazer uma abordagem densa e provocadora sobre esse capítulo sombrio da história nacional. A produção conta com o ator Wagner Moura no elenco, aumentando ainda mais a expectativa internacional.
Mendonça Filho já é um rosto conhecido em Cannes. Em 2016, conquistou a crítica com Aquarius, protagonizado por Sônia Braga, e em 2019 retornou com Bacurau, filme que dividiu o Prêmio do Júri e ganhou projeção mundial. No ano passado, o diretor participou novamente do festival com o documentário Retratos Fantasmas.
A presença de O Agente Secreto na competição principal coloca o Brasil novamente no centro do debate artístico internacional. O reconhecimento chega em um momento simbólico: o Brasil é o país homenageado do Marché du Film, o Mercado de Filmes que acontece paralelamente ao festival e reúne profissionais da indústria cinematográfica do mundo todo.
Durante o anúncio da seleção oficial, Frémaux relembrou que foi o também cineasta Walter Salles quem o apresentou à obra de Mendonça Filho. Curiosamente, Salles também explorou a temática da ditadura brasileira no premiado Ainda Estou Aqui, que levou o Oscar de Melhor Filme Internacional este ano.
A estreia de O Agente Secreto no prestigiado festival francês fortalece a presença do cinema nacional na vitrine global e reafirma o talento de Kleber Mendonça como um dos diretores mais relevantes da atualidade.