Falso médico que simulou a própria morte se entrega à polícia em Guarulhos

Fernando Henrique Dardis, acusado de atuar ilegalmente como médico e de ser responsável pelas mortes de duas pacientes entre 2011 e 2012, foi preso na última terça-feira, 24, após se apresentar voluntariamente em uma delegacia de Guarulhos, na Grande São Paulo. A prisão foi confirmada pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo nesta quarta-feira, 25.

Apesar de ainda não ter sido julgado, Dardis responde judicialmente por homicídio com dolo eventual, isto é, quando se assume o risco de matar. As mortes das pacientes Helena Rodrigues e Therezinha Monticelli Calvim ocorreram durante o período em que ele se passava por médico na Santa Casa de Sorocaba.

Além disso, o réu é acusado de forjar a própria morte, em uma tentativa de escapar da Justiça. A ação resultou em um mandado de prisão preventiva expedido em maio a pedido do Ministério Público (MP).

Tentativa de enganar a Justiça

De acordo com as investigações, Fernando Dardis simulou a própria morte ao conseguir um atestado de óbito falso, declarando ter falecido em decorrência de sepse no Hospital Brás Cubas, que pertence à sua família. Em seguida, inseriu dados falsos no sistema funerário municipal de Guarulhos, substituindo o nome de um idoso de 99 anos – de fato sepultado – pelo seu próprio.

A tentativa de encerrar sua ficha judicial, no entanto, começou a desmoronar no último domingo (22), quando o programa Fantástico exibiu reportagem revelando que Fernando estaria vivo e escondido.

Logo depois da exibição, a defesa do acusado enviou um vídeo à imprensa. Nele, Dardis afirma: “Venho a público esclarecer que estou vivo, que agi sozinho em um momento de desespero”. Ainda segundo o acusado, não haveria evidências suficientes nos autos para incriminá-lo pelas mortes.

Condenações anteriores e novo foco das investigações

Esta não é a primeira vez que Fernando Dardis enfrenta problemas com a Justiça. Em 2012, ele foi condenado por portar munições e distintivo da Polícia Civil em seu carro, sem qualquer vínculo com a corporação. O flagrante aconteceu três anos antes, em Guarulhos.

Apesar das denúncias e da mudança no sobrenome — ele abandonou “Guerreiro” e adotou “Dardis”, herdado do pai biológico —, o réu continuou atuando de maneira ilícita na área médica. Por esse motivo, o Ministério Público solicitou o envolvimento do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) nas apurações, uma vez que há indícios de participação de outros envolvidos no esquema.

A empresa Med-Tour, pertencente à família de Fernando, negou qualquer ligação com as irregularidades e alegou surpresa diante dos fatos. Já o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que vai investigar o caso com base nas novas denúncias reveladas pela imprensa.

Por fim, a Polícia Civil afirma que Dardis permanecerá detido e à disposição da Justiça enquanto as diligências continuam para o total esclarecimento dos fatos.