Explosão com carro a GNV no Rio acende alerta: saiba por que acidentes acontecem e como se proteger

Uma tragédia no Centro do Rio de Janeiro, ocorrida no último sábado, 7, deixou dois mortos e reacendeu a preocupação com a segurança dos veículos movidos a gás natural veicular (GNV). A explosão aconteceu durante o abastecimento e levantou dúvidas sobre os riscos do combustível, amplamente utilizado no Brasil.

Apesar do temor, especialistas garantem: o GNV é seguro. No entanto, sua instalação e manutenção exigem cuidados rigorosos. Quando esses cuidados não são respeitados, o risco de acidentes graves aumenta significativamente.

Por que o GNV pode explodir?

Diferente de combustíveis líquidos, como gasolina e etanol, o gás natural já está em estado de vapor. Isso significa que, em caso de vazamento, ele pode se inflamar e explodir com mais facilidade.

“O GNV é altamente volátil. Um pequeno vazamento já representa risco real de explosão”, alerta o mecânico Rui Camargo Barroso.

A maioria dos acidentes, segundo Marcos Barradas, do Inmetro, ocorre por falhas humanas. Isso inclui a instalação em oficinas não autorizadas, o uso de peças irregulares ou a ausência de inspeções obrigatórias.

Adriano Daré, dono da MaxViva Bosch Car Service, reforça que acidentes com GNV são raros quando o sistema é homologado. Após acompanhar mais de 30 mil conversões desde 2002, ele nunca viu uma explosão em instalações regulares.

Entretanto, Daré aponta práticas perigosas: reaproveitamento de cilindros danificados, uso de materiais sem certificação e até fraudes envolvendo cilindros adulterados. Há casos extremos, como o de um homem no Paraná que encheu um cilindro cortado com drogas, soldou novamente e tentou abastecer — o resultado foi uma explosão.

Como garantir a segurança do GNV no seu carro

O primeiro passo é escolher uma oficina certificada pelo Inmetro. A adaptação correta exige não só o cilindro amarelo visível no porta-malas, mas uma série de outros componentes: válvulas, filtros, manômetro e tubulações.

Segundo o mecânico Rui, explosões geralmente acontecem quando a instalação desrespeita as normas. Alguns cilindros, por exemplo, não têm a espessura ou a resistência exigida. Em situações de pressão extrema durante o abastecimento, eles podem falhar.

Além disso, a manutenção do sistema é essencial. Vibrações do motor, impactos e o tempo de uso podem afetar os encaixes e tubulações. A inspeção anual é obrigatória, assim como a requalificação do cilindro a cada cinco anos — ou antes, se necessário.

O presidente do Inmetro, Márcio André Brito, afirma que as exigências do órgão não são burocracia.

“São medidas fundamentais de segurança. Ignorá-las coloca vidas em risco.”

Se o cilindro for requalificado com sucesso, após teste com ultrassom, recebe um selo de aprovação e pode voltar a ser usado com segurança.

GNV ainda é popular no Brasil

Mesmo com a queda no uso em relação aos anos 2000, o GNV segue presente na rotina de milhões de motoristas. Em 2025, o Brasil conta com 2,6 milhões de veículos adaptados para gás natural, segundo a Senatran.

O Rio de Janeiro lidera o ranking nacional, com mais de 717 mil veículos com GNV. Em seguida, aparece São Paulo, com cerca de 137 mil carros. No total, há 1.850 postos de abastecimento com GNV ativos no país.