A decisão do governo federal de avançar com a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas tem gerado reações entre ambientalistas e organizações internacionais. O projeto, defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi comparado por ativistas à postura adotada por Donald Trump em relação à extração de combustíveis fósseis, o que ampliou o debate sobre os impactos ambientais da iniciativa.
A polêmica ganhou força após declarações de Lula sobre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que tem apresentado pareceres técnicos contrários à perfuração de blocos na região. O presidente afirmou que o órgão “parece estar contra o governo” e classificou os relatórios como “lenga-lenga”.
Para Suely Araújo, do Observatório do Clima, a autorização para perfuração do bloco 59 poderia abrir caminho para a liberação de outras áreas que já tiveram pedidos negados anteriormente.
“O que estamos vendo é uma tentativa de flexibilizar as exigências ambientais para expandir a exploração”, afirmou.
Especialistas apontam que a região da Foz do Amazonas ainda carece de estudos aprofundados sobre a biodiversidade local e as correntes marítimas, o que poderia dificultar uma resposta rápida em caso de vazamento de petróleo. O Greenpeace Brasil destacou que a área abriga um ecossistema único, incluindo barreiras de corais e manguezais pouco estudados.
A Petrobras, por outro lado, afirma que apresentou um plano seguro ao Ibama e que está preparada para responder a emergências ambientais. A presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou que “o Amapá terá o melhor aparato de resposta já visto no mundo” caso o projeto avance.
Debate global e papel do Brasil na transição energética
O avanço da exploração petrolífera ocorre em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, prevista para novembro em Belém. Para ambientalistas, o país deveria assumir um papel de liderança na transição para fontes de energia limpa, em vez de expandir a produção de combustíveis fósseis.
Lula, no entanto, defende que a exploração de petróleo pode financiar essa transição, garantindo recursos para investimentos em energias renováveis. A controvérsia segue em debate, com diferentes setores cobrando posicionamentos mais claros sobre o futuro da matriz energética brasileira.