A Polícia Civil e o Ministério Público apreenderam mais de R$ 300 mil na residência do ex-prefeito de Taboão da Serra, José Aprigio, durante a operação “Fato Oculto”. A investigação aponta que o político teria contratado atiradores para simular um atentado contra si mesmo, na tentativa de influenciar o segundo turno das eleições municipais.
O dinheiro, sem origem comprovada, foi encontrado na última semana. A defesa de Aprigio declarou que a quantia será justificada em sua declaração de imposto de renda.
O suposto ataque ocorreu dias antes da votação, quando seis disparos atingiram o carro blindado em que Aprigio estava. Ele sofreu um ferimento leve no ombro esquerdo, causado por estilhaços de uma bala de fuzil AK-47. O episódio foi filmado e rapidamente divulgado, aumentando a repercussão do caso.
A investigação aponta que 16 pessoas podem ter participado do esquema. Entre elas, estão secretários municipais e um sobrinho do ex-prefeito.
Delação e novas provas
Durante as investigações, um dos suspeitos presos, Gilmar Santos, revelou detalhes do plano em delação premiada. Segundo ele, ele e mais três comparsas dividiram R$ 500 mil pelo falso atentado. A arma usada teria custado R$ 85 mil e, segundo o delator, o próprio Aprigio financiou a operação.
“O combinado do que ele queria era um ‘susto’, mas um ‘susto’ que desse mídia, para poder passar no Fantástico, para chamar atenção do eleitor. O prefeito sabia”, afirmou Gilmar.
Após os disparos, os envolvidos queimaram o carro em Osasco para eliminar provas. As comunicações entre mandantes e executores eram feitas por meio de intermediários identificados como Anderson da Silva Moura, conhecido como “Gordão”, e Clóvis Reis de Oliveira.
Envolvidos e possíveis punições
Três secretários municipais de Aprigio estão entre os investigados: José Vanderlei Santos (Transportes), Ricardo Rezende Garcia (Obras) e Valdemar Aprígio da Silva (Manutenção), que também é irmão do ex-prefeito. Além deles, o sobrinho de Aprigio, Cristian Lima Silva, também é citado no inquérito.
Caso sejam considerados culpados, os envolvidos podem responder por crimes como associação criminosa, tentativa de homicídio, incêndio e adulteração de veículo. As penas podem chegar a 30 anos de prisão.
Gilmar Santos, delator do caso, já se tornou réu e poderá ter sua pena reduzida pela colaboração. Outros dois suspeitos, Odair Júnior de Santana e Jefferson Ferreira de Souza, estão foragidos. O fuzil utilizado no crime ainda não foi localizado pelas autoridades.