Um esquema criminoso que lesou os cofres públicos em mais de R$ 30 milhões foi alvo da Polícia Federal nesta quinta-feira, 17, em uma operação que revelou a atuação conjunta de servidores do INSS e gerentes bancários. A quadrilha atuava há mais de uma década burlando concessões de benefícios assistenciais com métodos sofisticados.
De acordo com a PF, o grupo fraudava especialmente pedidos do Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade. Em apenas seis meses, o prejuízo causado pelas ações do grupo já ultrapassava R$ 1,6 milhão — número que pode crescer à medida que as investigações avançam.
Fraude darticulada com uso de dados sigilosos e plataformas oficiais
A estrutura do esquema impressionou os investigadores: além de servidores públicos e gerentes de banco, o grupo contava com gráficos, correspondentes bancários e técnicos especializados. Esses integrantes usavam acessos privilegiados a plataformas como o “Meu INSS” para cadastrar, sacar e até reativar benefícios fraudulentos em nome de terceiros.
Um dos nomes mais influentes do grupo era conhecido como “Professor” e também como “Rei do Benefício”. Ele seria o responsável por ensinar novos integrantes a driblar os sistemas do INSS e conduzir os trâmites ilegais com agilidade. Em alguns dias, a organização chegava a protocolar diversos pedidos de forma simultânea.
Segundo a investigação, quando o volume de fraudes era alto e o grupo não conseguia abrir contas bancárias suficientes, os benefícios eram suspensos por ausência de saque. Nesse processo, alguns gerentes de bancos cobravam cerca de R$ 500 por conta aberta. Já os benefícios aprovados eram vendidos por até R$ 2.500, ou então mantidos sob o controle do próprio grupo para saque futuro.
A operação, batizada de “Fraus”, cumpriu mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Armação dos Búzios, Cabo Frio, São Gonçalo e Casimiro de Abreu. Os envolvidos podem responder por estelionato previdenciário, organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.