Com a recente onda de calor que atinge diversas regiões do Brasil, principalmente o Sul e o Sudeste, as temperaturas têm ultrapassado os 40°C em algumas cidades. No entanto, o que muitas pessoas sentem na pele pode ser ainda mais intenso do que o registrado nos termômetros, devido à sensação térmica.
O que é sensação térmica?
A sensação térmica é a percepção da temperatura pelo corpo humano, influenciada não apenas pela temperatura do ar, mas também por outros fatores como a umidade, o vento e a radiação solar. Quando a umidade está alta, por exemplo, o suor não evapora com facilidade, dificultando a regulação da temperatura corporal e aumentando a sensação de calor.
Em situações de calor extremo, como as registradas recentemente no Sul, onde os termômetros marcaram 43°C, a combinação de alta temperatura e umidade faz com que o corpo sinta o calor de forma ainda mais intensa. Isso acontece porque o mecanismo natural de resfriamento do corpo, a transpiração, torna-se menos eficiente.
Não existe uma fórmula única para calcular a sensação térmica. Empresas de meteorologia utilizam diferentes equações que consideram a temperatura à sombra, a umidade do ar, a presença de vento e a exposição à radiação solar. O vento, por exemplo, pode aliviar a sensação de calor, pois acelera a evaporação do suor. Já a ausência de vento dificulta a dissipação do calor, agravando o desconforto.
Como o calor afeta o corpo?
A exposição prolongada a altas temperaturas pode causar sérios riscos à saúde. O corpo entra em estado de estresse ao tentar reduzir a temperatura interna. Para isso, os vasos sanguíneos se dilatam, permitindo que o calor seja dissipado pela pele. Esse processo aumenta o fluxo sanguíneo próximo à superfície da pele, o que pode deixá-la avermelhada.
O aumento da transpiração é uma resposta natural para ajudar na perda de calor, mas isso também provoca a perda de minerais essenciais, o que pode causar câimbras. Além disso, a desidratação resultante da sudorese intensa pode afetar a capacidade de raciocínio, reduzir o tempo de reação e até provocar desmaios.
Em casos mais graves, a baixa oxigenação do cérebro devido à vasodilatação pode levar a convulsões. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 60 mortes por calor foram registradas no Brasil nos últimos dez anos, mas especialistas acreditam que esse número seja subnotificado.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alertas para o Rio Grande do Sul, orientando a população a evitar exposição ao sol nos horários de pico e a reduzir atividades físicas ao ar livre. O impacto do calor é ainda mais severo para trabalhadores que atuam ao ar livre, como garis e policiais, ou para aqueles que dependem do transporte público, em comparação com pessoas que se locomovem de carro ou trabalham em ambientes climatizados.
Em 2024, considerado o ano mais quente já registrado no Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas foram expostas a calor extremo por pelo menos cinco meses, com temperaturas próximas dos 40°C em várias regiões.