Ensino superior cresce no Brasil, mas ainda é realidade para menos de 20% da população

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A parcela da população brasileira com ensino superior completo cresceu significativamente nas últimas duas décadas, mas ainda representa menos de 20% entre aqueles com 25 anos ou mais. Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o percentual subiu de 6,8% em 2000 para 18,4% em 2022.

Esse avanço reflete um aumento no número de graduados, que passou de 5,8 milhões para 24,5 milhões nesse período. Apesar disso, a maioria da população nessa faixa etária ainda não concluiu o ensino superior. Em 2022, 35,2% das pessoas tinham apenas o ensino fundamental incompleto, enquanto 32,3% haviam terminado o ensino médio.

Desigualdades educacionais persistem

O crescimento no acesso ao ensino superior ocorreu em todas as regiões, mas ainda há disparidades significativas. No Centro-Oeste, 21,8% das pessoas de 25 anos ou mais possuem diploma universitário, índice superior ao do Sudeste (21%) e do Sul (20,2%). Já no Norte e no Nordeste, os percentuais são menores, com 14,4% e 13%, respectivamente.

Entre os estados, o Distrito Federal lidera, com 37% da população adulta formada no ensino superior. Em São Paulo, esse número é de 23,3%, enquanto no Maranhão, que tem o menor índice do país, apenas 11,1% possuem graduação.

Além das diferenças regionais, o levantamento aponta desigualdades raciais no acesso ao ensino superior. Em 2022, 25,8% da população branca de 25 anos ou mais tinha um diploma universitário, enquanto entre pessoas pretas e pardas esse percentual foi de 11,7% e 12,3%, respectivamente.

Impacto de programas educacionais

O avanço da educação superior no Brasil foi impulsionado por políticas públicas e programas como o Prouni, o Fies, o Sisu e a ampliação das cotas em universidades. A expansão do ensino a distância (EAD) também contribuiu para o crescimento do número de graduados nos últimos anos.

Apesar desse progresso, especialistas apontam que o acesso ao ensino superior no Brasil ainda apresenta desafios.

“A escolaridade vem crescendo, mas o nível educacional da população brasileira ainda é inferior ao de países com desenvolvimento similar”, analisa André Salata, pesquisador da PUCRS.

Segundo o IBGE, a tendência é de continuidade no aumento da escolaridade, mas o impacto desse crescimento na redução das desigualdades educacionais ainda depende de fatores como qualidade de ensino e políticas de inclusão.