A aposentada Maria Cleci da Conceição, de 69 anos, está acostumada a enfrentar adversidades. Em 2009, um incêndio destruiu sua casa em Porto Alegre, e em maio de 2024, uma enchente levou todos os seus pertences em Canoas, cidade vizinha à capital gaúcha. Atualmente, ela vive em uma unidade habitacional temporária no Centro Humanitário de Acolhimento Recomeço, gerido pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
No entanto, sua maior preocupação não é apenas recomeçar mais uma vez, mas o medo de que, após as eleições, as promessas de reconstrução sejam esquecidas.
“Agora, de boca, todo mundo abraça. Eu quero ver depois que passar as eleições, quem vai olhar por nós”, desabafa Maria Cleci, expressando a insegurança sobre as ações de recuperação prometidas pelos governantes.
Desafios para a reconstrução
A situação de Maria Cleci não é isolada. Desde setembro de 2023, mais de 10,7 mil casas foram destruídas e 190 mil danificadas no Rio Grande do Sul devido a desastres naturais, segundo a Defesa Civil Nacional. A reconstrução das cidades é um dos temas centrais nas campanhas eleitorais de 2024, mas a implementação das medidas de recuperação tem sido lenta. A burocracia e a dificuldade em encontrar terrenos seguros são obstáculos que atrasam a entrega de moradias para as famílias afetadas.
Até o início de setembro, o governo federal entregou apenas 9 casas por meio da compra assistida e contratou 367 moradias, que beneficiarão parte das famílias atingidas. No entanto, esses números são mínimos diante da destruição generalizada.
“Eu não estou pedindo só para mim, estou pedindo para todas as pessoas que tem aqui”, diz Maria Cleci, que se tornou uma liderança no abrigo onde vive.