O estado do Pará anunciou a venda de quase R$ 1 bilhão em créditos de carbono durante a Semana do Clima, em Nova York, evento paralelo à Assembleia Geral da ONU. A iniciativa visa compensar parte das emissões de CO2, um dos gases responsáveis pelo aquecimento global, por meio da preservação florestal.
Entre os compradores estão os governos dos Estados Unidos, Noruega e Reino Unido, além de grandes corporações como Amazon, Bayer e a Fundação Walmart. Os créditos de carbono são gerados pela preservação de árvores, que absorvem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Para cada cinco árvores preservadas, cerca de uma tonelada de CO2 deixa de ser emitida, criando um crédito de carbono certificado por metodologias internacionais.
Como é calculado o crédito de carbono?
José Otávio Passos, da organização The Nature Conservancy, explica que o cálculo do carbono contido nas árvores é feito medindo o diâmetro delas à altura do peito.
“Com a grossura e o diâmetro da árvore, é possível estimar quanto carbono ela armazena. Dessa forma, é possível calcular o estoque de carbono em uma determinada área florestal”, detalha Passos.
O governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou a venda de 12 milhões de toneladas de crédito de carbono, cada uma ao preço de US$ 15, o que é mais do que o dobro do valor de mercado. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o estado registrou uma redução de 42% nos alertas de desmatamento em um ano.
Investimentos em sustentabilidade
Parte da arrecadação será destinada a comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas, além de investimentos na agricultura familiar. O Pará também estabeleceu a meta de se tornar um estado carbono neutro até 2036.
“Estamos investindo no mercado de carbono para preservar nosso estoque florestal e criar novas economias baseadas na natureza”, afirmou Barbalho, destacando que a estratégia visa gerar emprego e renda de forma sustentável, sem pressionar a floresta.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também ressaltou o impacto positivo desse contrato, que pode aumentar o interesse estrangeiro em projetos de preservação no Brasil.
“Com o aporte de recursos públicos, a chance de captação privada cresce muito, o que nos permite remunerar a floresta em pé”, disse Haddad.