No estado do Rio de Janeiro, a nova tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros chegou como um golpe certeiro. Com exportações diretamente afetadas, empresas fluminenses já admitem cortes de pessoal e redução drástica nos negócios. Segundo levantamento da Firjan, 42% delas não descartam demissões.
Indústria fluminense sente os primeiros choques do tarifaço de Trump
Com a tarifa de até 50% entrando em vigor nesta terça, 6, o impacto no setor produtivo fluminense foi imediato. Em cidades como Petrópolis, Duque de Caxias e São João da Barra, empresários relatam corridas de última hora para embarcar produtos antes do aumento de custos. Para muitos, no entanto, já pode ser tarde.
Rafael Barata, diretor de uma empresa de pescados em Duque de Caxias, diz que os valores do frete aéreo explodiram. “É uma corrida contra o relógio. A tarifa, na prática, inviabiliza o negócio”, afirma. A empresa tenta evitar que contêineres cheios de lagosta fiquem parados sem comprador.
Em Petrópolis, a confecção de moda praia comandada por Déspina Filios enfrenta um cenário parecido. Há 35 anos no ramo, ela exporta mais da metade da produção para os Estados Unidos.
“O impacto é direto. Os preços vão subir, as vendas vão cair. E nossos clientes estão em choque”, relata.
Segundo a Firjan, 60% das indústrias do estado enxergam risco real de queda nas vendas. As mais vulneráveis são as pequenas, que levaram anos para acessar o mercado americano e agora não têm fôlego para resistir. “Essas empresas podem fechar as portas antes mesmo de tentar reagir”, alerta Luiz Césio Caetano, presidente da entidade.
A federação, junto da Confederação Nacional da Indústria (CNI), prepara uma missão a Washington para tentar reverter o cenário. O objetivo é negociar com entidades americanas e pressionar por exceções à tarifa.
Enquanto isso, os números falam por si. Em 2024, o estado do Rio exportou mais de US$ 7 bilhões para os EUA. Cerca de 36% desse volume está diretamente ameaçado. A exceção fica por conta do petróleo, que escapou da taxação. Mas os demais setores seguem sem previsão de alívio.