Dólar recua com possível trégua entre EUA e China e mercado reage a dados de emprego

O dólar abriu esta sexta-feira, 2, em queda, refletindo o alívio das tensões comerciais entre Estados Unidos e China e o impacto de dados mais fortes do que o esperado sobre o mercado de trabalho norte-americano. Às 12h27, a moeda era negociada a R$ 5,650, com queda de 0,44%, após encerrar abril em alta.

A movimentação do câmbio ganhou força após o Ministério do Comércio da China confirmar que os Estados Unidos entraram em contato com o governo de Pequim para discutir tarifas. Trata-se do primeiro gesto público de aproximação desde que as duas potências voltaram a escalar a guerra comercial, com tarifas cruzadas de até 145% sobre produtos importados.

Segundo o governo chinês, os americanos demonstraram “vontade de negociar”, mas os chineses cobram “sinceridade” e exigem a revisão das chamadas tarifas unilaterais. O tom mais conciliador influenciou positivamente as bolsas internacionais: índices na Europa, Estados Unidos e Ásia subiram. No Brasil, porém, o Ibovespa destoou e recuava 0,32%, a 134.626 pontos no mesmo horário.

Negociação comercial e emprego impulsionam cenário global

Para analistas, a retomada do diálogo entre as duas maiores economias do mundo reduz o risco percebido pelos investidores e incentiva a exposição a ativos de maior risco — o que normalmente enfraquece o dólar frente a moedas de países emergentes.

Além da trégua comercial, o mercado reagiu aos dados de emprego divulgados nos EUA. Foram criadas 177 mil vagas em abril, acima da projeção de 130 mil. A taxa de desemprego se manteve estável em 4,2%, sinalizando resiliência do mercado de trabalho diante das turbulências econômicas.

Com esse resultado, operadores reduziram as apostas de que o Federal Reserve (Fed) vá cortar juros já em sua próxima reunião. A tendência agora é que o banco central americano mantenha a taxa básica entre 4,25% e 4,50%, com a possibilidade de revisão apenas a partir de julho.

Donald Trump, por sua vez, voltou a pressionar publicamente o Fed por uma redução nas taxas. Em publicação na Truth Social, o ex-presidente afirmou que a economia está apenas “em fase de transição” e pediu urgência na queda dos juros para conter a inflação.

No cenário interno, o dia foi de agenda econômica esvaziada. O desempenho negativo da Bolsa reflete, segundo analistas, a combinação entre juros futuros mais altos, cautela fiscal e reavaliação do apetite por risco. A expectativa pela próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) também pesa: a maioria dos economistas aposta em um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, que pode subir para 14,75% ao ano.

A valorização recente da Bolsa brasileira — que acumulou alta de 3,7% em abril — também impulsiona um movimento de correção nos últimos dias.

Enquanto isso, dados divulgados nos EUA revelaram que o Produto Interno Bruto (PIB) do país recuou 0,3% no primeiro trimestre de 2025, após crescer 2,4% no semestre anterior. A queda reflete o impacto das políticas comerciais de Trump e a desaceleração no consumo interno.

Os mercados seguem atentos aos próximos capítulos da relação entre China e EUA, com foco na condução das tarifas e seus reflexos na economia global.