Dólar desacelera queda e Bolsa despenca após choque de juros e leilões do BC

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O dólar e a Bolsa de Valores apresentaram quedas nesta quinta-feira (12), um dia após a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa básica de juros, a Selic. O Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa em 1 ponto percentual, levando-a a 12,25% ao ano, o que causou uma desaceleração na moeda e um impacto negativo no mercado financeiro.

Às 12h11, o dólar caía 0,33%, cotado a R$ 5,950, após atingir uma mínima de R$ 5,867 na abertura. A moeda havia caído 1,27% no dia anterior, fechando a R$ 5,970, o menor valor desde 28 de novembro. Ao mesmo tempo, a Bolsa despencava 2,02%, com o Ibovespa marcando 126.970 pontos, refletindo o impacto da decisão de juros mais elevados.

Taxa Selic

O aumento da Selic era amplamente esperado, mas o mercado se surpreendeu com a magnitude do ajuste, visto que alguns analistas apostavam em um aumento de 0,75 ponto. Além disso, o BC sinalizou que outros aumentos de mesma intensidade podem ocorrer nas próximas reuniões, elevando os juros para 14,25% ao ano até março de 2025.

A decisão de juros ocorreu no contexto da expectativa de que o governo poderia adotar medidas fiscais mais rigorosas, um cenário que gerou incertezas sobre a condução econômica do país. Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o BC atuou com uma política mais agressiva devido à insuficiência da atuação fiscal do governo, que precisou ser compensada com o aperto monetário.

Com a expectativa de mais aumentos da Selic, os contratos de juros futuros tiveram ajustes significativos. O DI para janeiro de 2026 subiu para 14,59%, e o de janeiro de 2027 foi para 14,67%, refletindo uma perspectiva de continuidade da política monetária mais rigorosa.

Além disso, o Banco Central fez dois leilões de dólares para intervir no câmbio e estabilizar a moeda. A venda de US$ 4 bilhões foi realizada para injetar dólares no mercado, o que ajudou a reduzir a pressão sobre o real. Essa medida, juntamente com o aumento da Selic, tornou o real mais atraente frente ao dólar, embora o mercado também esteja atento a outros fatores, como o cenário fiscal e a saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Presidente e a volatilidade

Na quarta-feira (11), Lula passou por um novo procedimento médico, o que também gerou volatilidade no mercado. O dólar caiu abruptamente após o anúncio da operação, com a moeda caindo 2% em relação ao dia anterior. Isso gerou um alívio no mercado, que especula sobre a possibilidade de o pacote fiscal ser aprovado com a ausência do presidente, caso o vice, Geraldo Alckmin, assuma o cargo temporariamente.

A situação de Lula também alimenta as especulações sobre sua reeleição, já que muitos acreditam que sua saúde pode afetar sua capacidade de fazer campanha em 2026, abrindo espaço para um novo governo. Essa incerteza política está diretamente ligada aos movimentos dos mercados financeiros, com analistas observando de perto os desdobramentos dessa situação.