Ditadura da Nicarágua fecha 1.500 organizações e câmara de comércio com o Brasil

O regime autoritário de Daniel Ortega e Rosario Murillo na Nicarágua fechou 1.500 organizações sem fins lucrativos de uma só vez. A lista, que inclui grupos religiosos e até mesmo sandinistas, foi publicada no Diário Oficial nesta segunda-feira, 19, Entre as organizações afetadas está a Nicabrás, Câmara de Comércio Brasil-Nicarágua, que operava desde o início dos anos 2010.

Repressão e fechamento de organizações

Desde a aprovação de uma lei em 2022 para regular as ONGs, o governo nicaraguense tem intensificado o fechamento dessas entidades. O Ministério do Interior justifica o encerramento afirmando que as organizações não cumpriram as regras de prestação de contas, e seus bens serão confiscados pelo Estado. No entanto, a abrangência dos grupos afetados, incluindo aqueles alinhados ao regime, é surpreendente.

A Nicabrás, que já estava inativa há algum tempo, é apenas um exemplo do impacto limitado que o fechamento dessas entidades pode ter. A relação diplomática entre Brasil e Nicarágua já estava deteriorada, com o congelamento das atividades da embaixada brasileira em Manágua e a expulsão mútua de diplomatas entre os dois países.

Contexto econômico e político

A balança comercial entre Brasil e Nicarágua é pequena, com o Brasil exportando US$ 173 milhões para o país em 2023, enquanto as importações nicaraguenses somaram apenas US$ 4,8 milhões. O fechamento da Nicabrás reflete o esfriamento das relações bilaterais, sem grandes consequências econômicas para o Brasil.

A repressão do governo Ortega tem afetado diversas organizações religiosas, incluindo a Igreja Católica, alvo de perseguições nos últimos anos. Para analistas, o fechamento em massa dessas entidades é um reflexo da crescente desconfiança no governo, que concentra cada vez mais poder nas mãos de Rosario Murillo, vice-presidente e esposa de Ortega.

Atualmente, estima-se que mais de 5.000 organizações já foram banidas na Nicarágua, de um total de 7.600. Novas medidas de controle e restrições estão sendo preparadas, exigindo que todas as ONGs submetam seus projetos ao governo para aprovação antes de serem implementados.