O Brasil registrou uma queda de 32,4% no desmatamento em 2024, segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) divulgado nesta quarta-feira (15) pelo MapBiomas. Apesar da redução geral, o alerta continua: o Cerrado foi o bioma mais atingido, com mais de 650 mil hectares devastados — mais da metade de toda a vegetação nativa perdida no país no último ano.
Mesmo com queda nacional, Cerrado e Amazônia concentram 83% de toda a destruição vegetal registrada em 2024
Dados atualizados do MapBiomas revelam que, pelo segundo ano consecutivo, o desmatamento caiu em todos os biomas brasileiros. Ainda assim, o volume de áreas destruídas segue preocupante. O Cerrado lidera com 652.197 hectares desmatados, seguido pela Amazônia, com 377.708 hectares perdidos — números que colocam esses dois biomas como responsáveis por quase 83% do desmatamento nacional em 2024.
Entre 2019 e 2024, o Brasil perdeu uma área de vegetação nativa equivalente ao território da Coreia do Sul: mais de 9,8 milhões de hectares. Dois terços dessa destruição ocorreram na Amazônia Legal. No entanto, é o avanço da fronteira agrícola sobre o Cerrado que chama a atenção dos pesquisadores. A região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 75% da perda total do bioma e 42% da devastação registrada em todo o país no último ano.
Apesar da queda de 34% no desmatamento do Maranhão, o estado ainda lidera o ranking nacional, com mais de 218 mil hectares desmatados em 2024. Já o Pará, que sediará a COP30 em novembro, segue acumulando perdas. Desde 2019, foram 2 milhões de hectares devastados — o maior volume entre todas as unidades da federação.
Na Amazônia, embora os dados apontem o menor índice de desmatamento desde o início da série histórica do RAD, a degradação aumentou.
Um estudo do Inpe e da USP mostrou que a área degradada no bioma cresceu 163% entre 2022 e 2024, impulsionada por queimadas em períodos de seca extrema. Em 2024, a floresta amazônica perdeu 25 mil km² por degradação, mesmo com a queda no desmatamento direto.
A situação também é crítica na Caatinga. Um único imóvel rural no Piauí desmatou mais de 13 mil hectares em apenas três meses — o maior alerta já emitido pelo MapBiomas. Cidades como Canto do Buriti e Jerumenha lideram os registros de desmatamento no bioma.
No Pantanal, Mata Atlântica e Pampa, as perdas foram menores, representando apenas 3% da área total devastada. Ainda assim, o relatório alerta para o avanço da atividade agropecuária como principal vetor da destruição: mais de 97% de todo o desmatamento nos últimos seis anos teve ligação com o setor.