Desmatamento na Amazônia atinge menor nível histórico para fevereiro, mas ainda preocupa

Os alertas de desmatamento na Amazônia Legal registraram o menor índice da série histórica para um mês de fevereiro. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram identificados 81 km² de áreas desmatadas no mês, uma redução de 64,3% em relação a fevereiro de 2024, quando o desmate atingiu 227 km². Apesar da queda expressiva, especialistas alertam que o problema ainda persiste e exige monitoramento contínuo.

O governo federal atribui essa redução a uma série de medidas adotadas nos últimos meses, como intensificação da fiscalização, combate a crimes ambientais e fortalecimento de políticas de preservação. O secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, destaca que os números indicam um avanço, mas ressalta que os meses críticos para o desmatamento ainda estão por vir. “Maio, junho e julho costumam ser períodos de maior desmate, pois marcam o início do verão amazônico. Se não houver um controle rigoroso, a tendência de queda pode ser revertida”, explica.

Os dados foram obtidos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que identifica alterações na cobertura florestal em áreas superiores a 3 hectares. No entanto, o Deter serve como um sistema de alerta e não representa o dado oficial do desmatamento, que é medido pelo sistema Prodes.

Estados com maior desmatamento

Entre os estados que mais registraram áreas devastadas em fevereiro, Mato Grosso lidera o ranking, seguido por Roraima, Pará e Amazonas:

  • Mato Grosso: 29 km²;
  • Roraima: 18 km²;
  • Pará: 15 km²;
  • Amazonas: 11 km².

Embora a redução seja significativa, o desmatamento acumulado ao longo dos anos segue impactando a regeneração da floresta. Segundo um estudo do Inpe, mais de 60% das áreas desmatadas que conseguiram alguma recuperação em um período de 15 anos voltaram a ser devastadas.

Cerrado segue em alerta

Enquanto a Amazônia apresenta avanços, o cenário no Cerrado continua preocupante. Em fevereiro de 2025, o bioma registrou uma queda de 24% no desmatamento em comparação com o mesmo período do ano anterior, mas os números ainda são considerados elevados. No total, foram 494 km² de áreas desmatadas, com destaque para os estados mais afetados:

  • Piauí: 118,1 km²;
  • Bahia: 104,7 km²;
  • Tocantins: 97,4 km².

O Cerrado desempenha um papel crucial na manutenção dos recursos hídricos do país, e o avanço do desmatamento nessa região preocupa ambientalistas e pesquisadores.

O monitoramento dos índices de desmatamento nos próximos meses será determinante para avaliar se as medidas de preservação serão suficientes para manter a queda nas taxas e evitar retrocessos.