Um decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu toda a ajuda externa americana, congelando uma parceria que treinava brigadistas brasileiros no combate a incêndios florestais. O programa, que existia desde 2021, havia capacitado mais de 3 mil profissionais, incluindo mulheres indígenas que atuavam na linha de frente em seus territórios.
Programa de combate a incêndios afetado
O Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, executado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), contava com financiamento da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e era realizado em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O programa oferecia treinamentos técnicos e operacionais para brigadistas, com o objetivo de fortalecer a prevenção e o controle de incêndios florestais no país.
De acordo com o Ibama, o programa já havia realizado pelo menos 51 cursos entre 2021 e 2023, capacitando profissionais que atuavam diretamente no combate ao fogo. A suspensão foi comunicada ao órgão brasileiro por meio de um e-mail, informando que as atividades de assistência internacional seriam interrompidas devido ao decreto de Trump.
Justificativa do governo americano e impacto no Brasil
O decreto, assinado em janeiro, determinou a suspensão de todos os projetos que destinavam recursos para países estrangeiros por um período de 90 dias. Segundo o governo americano, a ajuda externa estaria “desestabilizando a paz mundial ao promover ideias contrárias a relações estáveis e harmoniosas”.
No Brasil, além do impacto na capacitação de brigadistas, a suspensão afeta iniciativas voltadas à conservação da biodiversidade e ao combate ao desmatamento na Amazônia, áreas onde a USAID tem atuação significativa. O Ibama afirmou que a paralisação das atividades não terá impacto direto no combate imediato aos incêndios, mas compromete o fortalecimento técnico das instituições envolvidas.
Histórico da parceria e futuro incerto
A colaboração entre o Ibama e o USFS começou em 1999, mas o programa atual, lançado em 2021, tinha previsão de durar cinco anos. Agora, com o futuro da parceria incerto, as instituições brasileiras, como o Ibama, o ICMBio e a Funai, estão avaliando a continuidade das atividades programadas sem o apoio do governo americano.
Em 2024, a USAID destinou US$ 1 milhão para ajudar famílias afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, demonstrando a importância da agência em situações de emergência no Brasil. No entanto, com a ordem de Trump, a página da USAID chegou a ficar inativa, e funcionários não essenciais foram colocados em licença por tempo indeterminado, sinalizando uma reestruturação na atuação da agência em nível global.
A suspensão da parceria representa um desafio adicional para o Brasil na luta contra os incêndios florestais, especialmente em um momento crítico para a preservação ambiental na região amazônica.