O debate promovido pelo Grupo Globo, que seria o primeiro embate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo no segundo turno, foi transformado em uma sabatina com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), após a ausência do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O evento, realizado nesta quinta-feira, 10, seguiu as regras de O Globo, Valor e CBN, que determinam que, na ausência de um dos candidatos, o debate não seria cancelado, mas adaptado.
Ausência de Nunes e críticas de Boulos
A campanha de Ricardo Nunes justificou a ausência afirmando que foram marcados muitos debates para o segundo turno e sugeriu que os veículos de comunicação reduzissem o número de encontros para apenas três. Nunes afirmou ter recebido convites para 12 debates. Em resposta, a equipe de Boulos defendeu a realização de sete a nove debates, e o candidato do PSOL utilizou a ausência de Nunes para criticá-lo diretamente.
Durante a sabatina, Boulos chamou Nunes de “fujão”, acusando-o de evitar discussões importantes sobre a cidade. Ele também prometeu que, se algum debate fosse cancelado por conta da ausência de Nunes, ele organizaria um ato em frente à Prefeitura de São Paulo para debater com o público.
“Se ele foge e tem medo, a gente vai debater olho no olho com o povo dessa cidade. Vai ter debate. Ele pode até não participar, mas vai ter”, afirmou Boulos.
Questões levantadas durante a sabatina
Durante a sabatina, Boulos foi questionado sobre o apoio que tem recebido desde o primeiro turno, incluindo o do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). No passado, Boulos havia criticado Alckmin, especialmente durante a desocupação da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, quando Alckmin era governador e Boulos foi detido. Em resposta, Boulos afirmou que “o Brasil mudou” e que hoje há uma união entre setores que antes eram adversários, devido ao surgimento de uma direita marcada pelo ódio e pela violência.
Ele também abordou como pretende atrair os eleitores de Pablo Marçal (PRTB), que obteve mais de 28% dos votos no primeiro turno. Boulos destacou propostas como o estímulo ao empreendedorismo e o investimento em esportes nas escolas, mencionando a ideia de uma “escola olímpica”, integrando esporte e educação para oferecer oportunidades aos jovens.
Reações da equipe de Nunes
Após as declarações de Boulos sobre um possível ato público em caso de cancelamento de debates, a equipe de Ricardo Nunes afirmou que alertará a Prefeitura de São Paulo sobre o risco de invasões, apedrejamentos e depredações, mencionando exemplos anteriores de manifestações do movimento sem-teto, como na Fiesp e no Ministério da Fazenda.
Com o debate transformado em sabatina, a ausência de Nunes se tornou um ponto central no segundo turno das eleições, ampliando as críticas de Boulos e trazendo à tona a discussão sobre o número de debates necessários para o esclarecimento das propostas de ambos os candidatos.