María Corina Machado fez sua primeira declaração pública após receber o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira (10). Em mensagem divulgada nas redes sociais, a opositora venezuelana agradeceu ao povo de seu país e dedicou a honraria a Donald Trump.
“Eu dedico este prêmio ao sofrimento do povo venezuelano e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa”, escreveu.
Corina, uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro, afirmou que o reconhecimento é “um impulso para concluir nossa tarefa” de restaurar a liberdade e a democracia na Venezuela. Ela vive escondida desde que contestou os resultados das últimas eleições presidenciais, vencidas por Maduro.
Reação dos Estados Unidos
A Casa Branca não comemorou o prêmio. O diretor de comunicações do governo norte-americano, Steven Cheung, afirmou que o Comitê do Nobel “coloca a política à frente da paz”. Trump, que esperava ser indicado, já havia dito que “merecia” o prêmio por sua atuação em conflitos globais.
Mais tarde, Corina divulgou uma carta aberta aos venezuelanos. Nela, não mencionou o ex-presidente americano. Disse aceitar a homenagem “em nome do povo da Venezuela, que luta por liberdade com coragem e dignidade admiráveis”.
“Este imenso reconhecimento mostra que o mundo entende e compartilha nossa luta. É um chamado firme para que a transição democrática aconteça de forma imediata”, escreveu.
Em outro trecho, voltou a defender o apoio internacional. “Estamos no limiar da vitória. Hoje, mais do que nunca, contamos com o presidente Trump, com o povo dos Estados Unidos, com os povos da América Latina e com as nações democráticas do mundo para alcançar a liberdade e a democracia. A Venezuela será livre.”
Reconhecimento internacional
O Comitê Norueguês do Nobel destacou que María Corina Machado foi premiada por sua “defesa pacífica da democracia e dos direitos humanos em meio à crise política da Venezuela”.
No comunicado oficial, o comitê afirmou que ela representa “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina”. O texto ressaltou ainda sua capacidade de unir diferentes grupos políticos em torno de um objetivo comum: eleições livres e Estado de Direito.
“Quando líderes autoritários tomam o poder, é essencial reconhecer os defensores da liberdade que resistem”, afirmou o comitê.
Corina Machado é fundadora do movimento Súmate, criado há mais de duas décadas para fiscalizar eleições e promover o voto livre. Desde então, tornou-se símbolo de resistência ao regime chavista, enfrentando perseguições, bloqueios de candidatura e ameaças constantes.
A Venezuela em crise
O comitê lembrou que o país vive sob um regime “brutal e autoritário”, com mais de 8 milhões de pessoas forçadas a emigrar e altos índices de pobreza. A repressão política e as fraudes eleitorais enfraqueceram as instituições democráticas, mas a oposição, segundo o texto, “atua de forma inovadora, corajosa e pacífica”.
Para os organizadores, Corina cumpre os três critérios do testamento de Alfred Nobel: promover fraternidade entre as nações, reduzir a militarização e contribuir para a paz.
“Ela demonstrou que as ferramentas da democracia também são as ferramentas da paz. María Corina Machado simboliza a esperança de um futuro em que os direitos fundamentais sejam respeitados e as vozes dos cidadãos, ouvidas”, concluiu o comunicado.
Cerimônia na Noruega
Por tradição, o Prêmio Nobel da Paz é o único entregue em Oslo, na Noruega, e não em Estocolmo, na Suécia. A cerimônia acontece todo dia 10 de dezembro, data da morte de Alfred Nobel, e é presidida pelo Comitê Norueguês — composto por cinco membros indicados pelo Parlamento.
O prêmio inclui 11 milhões de coroas suecas, o equivalente a cerca de R$ 6,2 milhões.