O Banco Central deve anunciar, nesta quarta-feira, 7, mais um aumento da taxa Selic. A expectativa do mercado é que os juros subam 0,5 ponto percentual, atingindo 14,75% ao ano. Esse é o maior nível desde 2006. A medida busca conter a inflação, que segue resistente, mesmo diante de um cenário econômico instável. Enquanto isso, o Fed, nos Estados Unidos, deve manter sua taxa inalterada.
Quase todas as instituições financeiras apostam no aumento. Segundo levantamento da Bloomberg, 31 de 32 consultorias esperam a elevação de 0,5 ponto. Essa decisão reforça a postura firme do Copom diante de uma inflação persistente e da incerteza internacional.
O IPCA-15 acumulou alta de 5,49% em 12 meses até abril. Os preços dos alimentos e os gastos com saúde foram os principais vilões. Enquanto isso, o desemprego subiu para 7% no primeiro trimestre. Apesar do avanço, é o menor resultado para o período desde o início da série histórica da Pnad Contínua.
A guerra comercial liderada pelos EUA também pressiona o cenário. O chamado “tarifaço de Trump” tem levado o dólar a oscilar. Isso dificulta previsões e afeta diretamente a inflação no Brasil.
Mesmo assim, alguns economistas acreditam que o ciclo de altas está perto do fim. Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, projeta um possível aumento residual em junho. A taxa poderia chegar a 15% ao ano antes de começar a cair.
Tatiana Pinheiro, da Galapagos Capital, compartilha a visão. Para ela, ainda não há espaço para encerrar o ciclo neste mês. No entanto, ela vê possibilidade de queda nos juros a partir de dezembro, caso haja sinais claros de desaceleração da inflação, estabilidade cambial e responsabilidade fiscal.
Gabriel Galípolo, presidente do BC, tem evitado dar pistas. A avaliação é que o Copom deve adotar uma comunicação leve, sem se comprometer com decisões futuras. O objetivo é manter a credibilidade e reagir com flexibilidade aos próximos dados.