Controladora da Gol avalia compra de aviões da Embraer para ampliar frota do grupo

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A Abra, holding que controla a Gol e a Avianca, estuda adquirir aeronaves da Embraer como parte de seu plano de expansão. A informação foi confirmada pelo CEO da Gol, Celso Ferrer, em entrevista durante um evento do setor aéreo em Lima, no Peru.

Segundo o executivo, a decisão será tomada “no momento certo”, para evitar sobrecapacidade nas frotas do grupo. “Estamos, sim, olhando outros tipos de avião — Embraer, A220, A330. É uma possibilidade, mas será avaliada dentro da estratégia da Abra”, afirmou Ferrer.

O grupo já havia anunciado neste mês a incorporação de até sete aeronaves A330neo e a assinatura de contrato para 50 aviões A320neo adicionais, ambos modelos da Airbus. O primeiro A320neo da Avianca deve ser entregue até o fim de 2025.

Gol pode diversificar frota pela primeira vez

Atualmente, a Gol opera exclusivamente com aeronaves da Boeing, como os modelos 737-700, 737-800 e 737 MAX. Esses aviões são usados em rotas nacionais e internacionais, cobrindo destinos na América do Sul, América do Norte e Caribe.

A entrada de jatos da Embraer — especialmente os E195-E2, também usados pela Azul — representaria uma mudança relevante na estratégia da companhia. Hoje, a Gol é conhecida por manter uma frota padronizada, o que reduz custos operacionais e de manutenção.

“Pela primeira vez, temos acesso a outros modelos dentro do grupo. Antes, a Gol era uma companhia de frota única. Agora, no Grupo Abra, conseguimos avaliar novas opções de forma mais ampla”, disse Ferrer.

Concorrência com Latam e Azul

A possível aquisição ocorre em um momento de renovação de frotas no mercado latino-americano. Em setembro, a Latam fechou acordo com a Embraer para a compra de até 74 jatos E195-E2, consolidando sua parceria com a fabricante brasileira. A Azul, por sua vez, já opera uma frota significativa de aeronaves da Embraer.

A escolha da Abra pode aproximar o grupo de um modelo de diversificação semelhante, equilibrando aeronaves de diferentes portes e fabricantes para atender rotas regionais e internacionais.

O CEO também comentou sobre o processo de fechamento de capital da Gol, iniciado após a saída da companhia do Chapter 11, o processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. Segundo Ferrer, a reestruturação financeira fortaleceu o grupo.

“Durante o Chapter 11, tivemos uma grande capitalização da própria Abra e dos credores. Hoje, a participação dos acionistas minoritários é de apenas 0,78%. Estamos regularizando a companhia e avançando para a última etapa do processo”, explicou.

Ele afirmou ainda que a Gol pretende sair fortalecida e que a prioridade agora é preparar o IPO da Abra. “A história agora é de criação e consolidação do grupo. Não dependemos mais de fusões ou combinações de negócios com outras empresas.”

Cenário de custos e preços das passagens

Questionado sobre o impacto do dólar e do combustível na precificação das passagens, Ferrer afirmou que o setor vive um momento de equilíbrio.

“O que estamos vendo é um ambiente mais estável. O barril do petróleo caiu, o dólar se manteve alto, mas com menor volatilidade. Isso se reflete diretamente nas tarifas. O IBGE tem mostrado preços razoáveis e um cenário de crescimento do setor”, disse o executivo.

Ele destacou ainda que não há previsão de reajustes expressivos no curto prazo. “Os preços acompanham o custo do combustível e do câmbio, tanto para cima quanto para baixo. O momento é favorável, e as companhias estão aproveitando para crescer.”