Comunidades indígenas da Amazônia avançam com energia solar e internet via Starlink

Na Comunidade Indígena Três Unidos, localizada às margens do rio Negro, próximo a Manaus (AM), a tecnologia está revolucionando a vida dos moradores. Por meio de painéis solares e internet via Starlink, os habitantes têm acesso a ensino à distância, conectividade para negócios e outras oportunidades de desenvolvimento sem precisar abandonar suas raízes.

A instalação de um painel solar, que alimenta a internet via satélite, e a queda nos custos da Starlink — de R$ 10 mil para R$ 2 mil na antena, e de R$ 2 mil para R$ 120 na mensalidade — têm sido fundamentais. Esses avanços são frutos de parcerias com empresas e organizações como a Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

Educação nas comunidades

A escola local oferece ensino fundamental, médio e universitário por meio de cursos técnicos e ensino à distância. Segundo Raimundo Kambeba, líder comunitário e diretor da escola, “a tecnologia permite que nossos jovens estudem e trabalhem sem precisar sair da comunidade.” Raimundo também destaca que vários jovens já se formaram em cursos como pedagogia e licenciatura intercultural indígena.

Além da internet, a energia limpa está ganhando espaço. Uma parceria com a Schneider Electric deve transformar a escola em um centro de formação para jovens empreendedores em energia solar. Em comunidades vizinhas, como Tumbira e Santa Helena do Inglês, um sistema mais robusto de painéis solares possibilitou até mesmo a construção de uma fábrica de gelo fotovoltaica, essencial para a conservação de peixes e aumento da renda dos pescadores.

Tecnologia preservando cultura e impulsionando negócios

Os avanços tecnológicos também fortalecem o turismo e o empreendedorismo. Raimundo administra a Pousada Canto dos Pássaros, que recebe visitantes interessados em vivenciar a cultura local. Já Neurilene Kambeba, proprietária do restaurante Sumimi, celebra o impacto da tecnologia na vida das mulheres indígenas. “Tivemos a força de sair de casa e buscar novas oportunidades. Sou feliz por fazer parte desse movimento”, afirma.

A história dos Kambeba, uma etnia considerada extinta no passado e hoje reconhecida pela Funai, reflete a resiliência e a capacidade de adaptação dessas comunidades. Com a integração entre tradição e tecnologia, elas seguem fortalecendo suas raízes e conquistando novos horizontes.