Como funciona o conclave: entenda o processo secreto que elegerá o novo papa

Com a morte do papa Francisco, a Igreja Católica entra oficialmente em um dos seus rituais mais antigos e simbólicos: o conclave. Realizado no Vaticano, o processo de escolha do novo pontífice deve começar entre 15 e 20 dias após o fim dos ritos fúnebres. Até lá, o comando da Santa Sé fica nas mãos do camarlengo, atualmente o cardeal Kevin Joseph Farrell.

O termo “conclave” tem origem no latim, da junção das palavras cum (com) e clavis (chave), e representa uma reunião fechada e isolada do mundo exterior. De fato, é assim que tudo acontece: em total sigilo, os cardeais eleitores se reúnem na Capela Sistina, onde farão a votação.

Apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar. Hoje, 135 dos 252 cardeais em atividade atendem a esse critério. Destes, a maioria foi nomeada por Francisco, o que indica uma forte influência de seu legado na sucessão. Eles se hospedarão na Casa de Santa Marta e participarão de missas e momentos de oração antes da decisão.

No dia do conclave, os cardeais votantes caminham até a Capela Sistina. Lá, o mestre de cerimônias exclama “Extra Omnes” — todos os não eleitores devem sair. Com as portas fechadas, o processo de escolha começa.

A votação é feita com cédulas manuscritas. Cada cardeal escreve o nome do escolhido e, em seguida, deposita o voto em uma urna. A contagem é feita por escrutinadores sorteados no próprio dia. Se ninguém alcançar dois terços dos votos, uma nova rodada acontece. São dois turnos por dia, até que se chegue a um consenso.

Quando um cardeal finalmente é eleito, ele é questionado se aceita a missão. Ao responder “sim”, torna-se oficialmente o novo papa. Pouco depois, a fumaça branca sobe pela chaminé da Capela Sistina, indicando ao mundo que um novo pontífice foi escolhido.

Se não houver definição após várias rodadas, o processo pode ser pausado para oração e reflexão. Em situações extremas, os cardeais podem decidir entre os dois mais votados, mas a escolha ainda precisa de maioria absoluta.

A cerimônia mantém tradições seculares, como a queima das cédulas. Dependendo da cor da fumaça — branca ou preta — o público fora do Vaticano já entende o desfecho do conclave.