Comissão Nacional veta canetas emagrecedoras no SUS por impacto bilionário

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) decidiu que canetas emagrecedoras como Wegovy e Saxenda não entrarão na lista do SUS. O parecer apontou que o custo dos medicamentos à base de semaglutida e liraglutida, que chegam a R$ 1 mil por unidade, inviabiliza a oferta.

Segundo relatórios técnicos, a inclusão no sistema poderia gerar impacto de R$ 4,1 bilhões em cinco anos. Em casos de uso contínuo, a conta passaria de R$ 6 bilhões. Diante disso, a comissão ressaltou que o SUS já oferece a cirurgia bariátrica como opção no combate à obesidade.

Produção nacional e críticas

A decisão ocorre pouco depois de o Ministério da Saúde anunciar parceria com a Fiocruz e a farmacêutica EMS. O objetivo é produzir versões nacionais das canetas emagrecedoras para reduzir custos e ampliar o acesso no futuro.

Especialistas criticam a exclusão. Para a endocrinologista Maria Fernanda Barca, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade, as canetas emagrecedoras trazem benefícios além da perda de peso. Eles reduzem inflamações, ajudam no fígado e podem até contribuir em quadros de Alzheimer.

A Novo Nordisk, fabricante do Wegovy, afirmou compreender as limitações orçamentárias do SUS. Porém, destacou que a própria Conitec reconheceu a eficácia, a segurança e a relevância da tecnologia.

Enquanto o impasse continua, o tratamento segue restrito à rede particular. Para quem depende do sistema público, as opções permanecem limitadas, muitas vezes inacessíveis ou contraindicadas.