Nesta segunda-feira, 21, teve início no Reino Unido o julgamento em que milhares de vítimas do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), buscam reparação financeira. A tragédia, que completa nove anos em 5 de novembro, envolveu a Samarco, empresa operada pela Vale e pela BHP, uma multinacional inglesa e australiana. O julgamento ocorre em solo britânico devido à ligação da BHP com o Reino Unido e à impossibilidade de uma ação coletiva desse porte ser movida no Brasil.
O caso envolve 620 mil processos, incluindo ações de pessoas físicas, comunidades tradicionais, prefeituras e empresas afetadas. Juntas, as indenizações podem somar R$ 230 bilhões. A barragem do Fundão se rompeu em 2015, resultando na morte de 19 pessoas e em um impacto ambiental de grandes proporções, cujas consequências ainda são sentidas, como relatado pelo cacique Bayara, da aldeia Pataxó.
Processo no Reino Unido e avanços em Mariana
A defesa das vítimas alega que os acordos firmados no Brasil são insuficientes. Já a BHP afirma que está comprometida com a reparação no país e considera os processos no Reino Unido como uma duplicação desnecessária. No Brasil, a Fundação Renova, criada para reparar os danos, já destinou R$ 37,83 bilhões às ações de compensação, sendo R$ 14,86 bilhões em indenizações.
O julgamento no Reino Unido deve durar ao menos três meses, e caso a BHP seja condenada, o valor a ser pago às vítimas será definido apenas em 2026, com possíveis compensações iniciando em 2028.