Com a eleição de Donald Trump para um segundo mandato, o México vê-se mais uma vez como alvo das políticas e ameaças de Trump, que incluem fechar a fronteira, impor tarifas e enviar forças dos EUA para combater cartéis de drogas mexicanos, caso o país não intensifique suas ações sobre imigração e narcotráfico. Em resposta, Claudia Sheinbaum, nova presidente do México e primeira mulher a ocupar o cargo, enfatizou que o país irá resistir às pressões dos EUA com diálogo, mas está preparado para defender sua posição.
Em comparação ao período em que o ex-presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador (AMLO) estabeleceu uma relação pragmática e próxima com Trump, Sheinbaum, de origem política mais ideológica, pode adotar uma postura nacionalista em resposta às pressões americanas. Segundo Arturo Sarukhan, ex-embaixador do México nos EUA, “Claudia é mais ideológica do que López Obrador, e isso pode levar a uma resposta mais nacionalista a políticas de Trump”.
As relações comerciais bilaterais, que somam mais de US$ 800 bilhões anuais, são fundamentais para ambos os países, especialmente com a revisão iminente do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Marcelo Ebrard, atual secretário de Economia do México e principal negociador do acordo, minimizou possíveis riscos, destacando que “a economia integrada entre os países torna improvável que Trump imponha tarifas ou feche fronteiras”.
Apesar desse otimismo, analistas alertam para tensões crescentes. Martha Bárcena, ex-embaixadora do México nos EUA, ressalta que “o governo mexicano vê a questão imigratória sob uma lógica econômica, enquanto Trump a encara sob uma ótica de segurança nacional e identidade cultural”.
Além das pressões sobre comércio e imigração, a política de Sheinbaum em reduzir a independência de agências reguladoras e do Judiciário pode gerar fricções adicionais com o governo dos EUA, que monitora essas questões sob os termos do USMCA.
Artigo traduzido de AP News