Com hotéis lotados, motéis de Belém investem alto para abrigar líderes da COP30

Com a aproximação da COP30, Belém vive uma corrida por acomodações — e os motéis da capital paraense decidiram sair na frente. Com os hotéis lotados e uma demanda estimada entre 40 mil e 50 mil visitantes, estabelecimentos tradicionais do setor erótico estão se reinventando para receber participantes da conferência da ONU sobre mudanças climáticas.

Atualmente, a cidade possui cerca de 18 mil leitos formais. Porém, a região metropolitana conta com mais de 2.500 quartos de motel, o que pode garantir espaço para até 5 mil pessoas. O número representa um alívio importante diante da escassez de hospedagem. Além disso, muitos desses quartos têm garagem individual, o que ajuda a reduzir o impacto no trânsito local.

Ricardo Teixeira, proprietário do Fit Motel, já começou as obras. Ele afirma que oito das 34 suítes estão sendo reformadas, com foco em conforto e praticidade. Segundo ele, infiltrações estão sendo corrigidas, pisos trocados e paredes restauradas.

“É para a COP30, mas também vai melhorar a experiência dos clientes habituais”, explica. O investimento total deve ultrapassar R$ 350 mil.

Os quartos terão camas king size, smart TVs, armários, cofres e roupas de cama premium. Para atender a demanda, o empresário também prevê a contratação de mais camareiras e equipe de cozinha. A diária, com café da manhã e jantar inclusos, deve partir de US$ 750.

Outro desafio é adaptar o ambiente, tradicionalmente sensual, para um público mais corporativo.

Elementos como cadeiras eróticas e quadros sensuais estão sendo retirados. Alguns, no entanto, ainda permanecem.

“O pole dance vai continuar, mas acredito que os hóspedes acabarão levando numa boa”, comenta Yorann Costa, dono do Motel Secreto.

Costa afirma que já negocia com uma comitiva de Taiwan e pode adaptar o espaço para grupos maiores. Ele cogita cobrar entre US$ 350 e US$ 950 por diária, dependendo da suíte. As acomodações variam entre 40 m² e 80 m², algumas com sauna, banheira e ambientes com luz natural.

Enquanto isso, cursos de inglês para funcionários estão sendo planejados. Teixeira quer treinar a equipe internamente. Já Costa pretende contratar profissionais fluentes apenas para o período do evento. Ambos concordam que o atendimento bilíngue será essencial.

A movimentação não se limita aos motéis. O empresário Paulo Alves decidiu reformar o andar ocioso da gráfica onde trabalha. O objetivo é transformá-lo em espaço alugável para comitivas durante o evento. Segundo ele, outras ideias foram abandonadas assim que a confirmação da COP30 em Belém foi oficializada.

Essas iniciativas mostram como empreendedores locais estão se adaptando à nova realidade. De espaços voltados ao entretenimento adulto, os motéis passam a ocupar um papel estratégico na logística da COP30. Com isso, surgem novas oportunidades econômicas e uma mudança temporária — ou talvez permanente — na imagem desses estabelecimentos.