A pesquisadora Jade de Oliveira, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), foca seus estudos na relação entre dietas desbalanceadas e o impacto no cérebro, especialmente no desenvolvimento de demências. Premiada pelo programa Para Mulheres na Ciência, Jade investiga como a micróglia, uma célula do sistema nervoso central, interage com os neurônios em situações de desequilíbrio alimentar.
O estudo é realizado em modelos animais, mais especificamente camundongos, que recebem uma ração desbalanceada rica em gorduras e açúcar.
“Nós e outros pesquisadores ao redor do mundo começamos a perceber que esses animais apresentavam características de doenças do sistema nervoso central”, diz Jade.
A pesquisa se concentra na vida adulta e meia-idade dos roedores, analisando como uma dieta ruim pode prejudicar a memória e causar depressão.
A relação entre alimentação e saúde mental
A pesquisadora destaca que a inflamação periférica causada por dietas ruins pode alterar a barreira hematoencefálica, que protege os neurônios do que circula no sangue. “Propomos que essa inflamação causada por uma dieta ruim altera a barreira hematoencefálica, deixando os neurônios mais suscetíveis”, explica Jade. A micróglia, célula responsável pela defesa do sistema nervoso central, pode ficar disfuncional quando sobrecarregada, liberando moléculas prejudiciais aos neurônios.
Os estudos também mostram que dietas ricas em gorduras saturadas e carboidratos refinados, comuns em alimentos ultraprocessados, podem levar a prejuízos de memória e alterações na cognição.
“Dietas não saudáveis levam a prejuízos de memória e alteram a cognição, além de causarem transtornos de humor, como depressão e ansiedade”, afirma Jade.
A luta de Jade de Oliveira é entender a complexa relação entre alimentação, inflamação cerebral e saúde mental. Embora os estudos ainda estejam em fase experimental com camundongos, eles já fornecem pistas valiosas sobre como dietas desbalanceadas podem afetar o cérebro humano a longo prazo.