Você é do tipo que rende melhor à noite? Ou acorda cedo com energia total? No modelo chronoworking, isso deixa de ser um problema. A proposta, que já começa a ser adotada por empresas brasileiras, permite que os funcionários escolham seus horários com base no próprio ritmo biológico. A promessa é de mais produtividade, bem-estar e equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
Chronoworking propõe jornada flexível de acordo com o relógio biológico e já mostra efeitos positivos nas empresas
Criado pela jornalista britânica Ellen C. Scott, o chronoworking — ou “cronotrabalho” — segue o ritmo natural do corpo humano, respeitando o que os especialistas chamam de cronotipos. A ideia é simples: trabalhar nos momentos em que o corpo está naturalmente mais disposto e focado. Para alguns, isso significa começar o expediente às 7h; para outros, às 11h ou até mais tarde.
No Brasil, a prática já é realidade em empresas como Everymind e Homedock. Ambas adotam horários flexíveis e, em alguns setores, os funcionários podem escolher completamente quando e onde trabalhar. Os benefícios relatados são diversos: maior produtividade, redução do estresse, mais motivação e retenção de talentos.
Mas o modelo ainda esbarra em questões legais. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) exige jornada máxima de 44 horas semanais, com regras para adicional noturno, intervalos e descanso entre turnos. Embora a lei permita acordos específicos entre empregador e funcionário, a ausência de regulamentação direta para o chronoworking exige atenção e formalização contratual para evitar riscos jurídicos.
O conceito se baseia no relógio biológico de cada indivíduo. Existem três cronotipos principais: o matutino (mais ativo pela manhã), o vespertino (mais ativo à noite) e o intermediário (sem horário de pico claro). Respeitar essas diferenças, segundo especialistas em saúde e gestão, pode melhorar a qualidade do sono, reduzir doenças relacionadas ao estresse e aumentar a performance.
Para dar certo, o chronoworking exige organização. É necessário alinhar horários com lideranças e colegas, garantir que prazos sejam cumpridos e manter a clareza na comunicação.
Por isso, ainda não é aplicável em todos os setores, áreas como produção industrial, atendimento emergencial e bancos, por exemplo, têm restrições naturais ao modelo.
Especialistas da USP, Unifesp, FGV e Instituto do Sono concordam: o chronoworking é uma tendência alinhada ao futuro do trabalho. Mas sua adoção precisa ser planejada, respeitar os limites legais e vir acompanhada de políticas de saúde e bem-estar.