Chimpanzé Yoko deixa a solidão na Colômbia e recomeça a vida no Brasil

Após anos vivendo em isolamento, o chimpanzé Yoko finalmente ganhou uma nova chance. Ele foi transferido neste domingo (23) da Colômbia para um santuário no interior de São Paulo, onde poderá conviver com outros da sua espécie. Aos 38 anos, Yoko era o último grande primata em cativeiro no país vizinho.

Capturado ainda filhote, ele foi criado por um narcotraficante colombiano. Durante esse período, teve uma vida completamente distante da natureza. Era alimentado com guloseimas e comida processada. Além disso, foi ensinado a fumar e a usar roupas humanas, o que causou doenças de pele e perda de pelos. Hoje, Yoko tem apenas quatro dentes, resultado dos hábitos alimentares inadequados.

Yoko agora tem a chance de se reintegrar

Nos últimos dois anos, Yoko viveu sozinho desde 2023 no Bioparque Ukumarí, em Pereira. Isso aconteceu após perder sua última companheira, a chimpanzé Chita, que fugiu do recinto junto com Pancho. Ambos foram mortos por soldados, que alegaram risco à segurança pública. Desde então, Yoko não teve mais contato com outros animais da mesma espécie.

Veterinários descrevem Yoko como um chimpanzé extremamente humanizado. Ele usa talheres, assiste à televisão, joga bola e até desenha com giz de cera. Javier Guerrero, veterinário que acompanhou o início da viagem até o Brasil, comparou seu comportamento ao de uma criança. Por isso, embora esteja indo para um lugar preparado, há receio sobre sua adaptação social com os outros animais.

O novo lar de Yoko será o Santuário de Sorocaba, no estado de São Paulo. O local abriga mais de 40 chimpanzés e é considerado o maior da América Latina. A expectativa é que, com acompanhamento adequado, ele possa se integrar ao grupo e viver seus últimos anos com dignidade. Mesmo que o processo de adaptação leve tempo, especialistas acreditam que o convívio será positivo.

Na natureza, chimpanzés vivem em grupos e têm comportamento altamente social. Eles podem chegar aos 60 anos quando bem cuidados em cativeiro. No entanto, o isolamento compromete esse instinto. Agora, Yoko poderá, enfim, viver com liberdade, cercado por animais da mesma espécie — algo que ele não experimentava há décadas.

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