Cérebro de homens e mulheres envelhece em ritmos diferentes, revela estudo global

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Um estudo internacional mostrou que o cérebro dos homens encolhe mais rápido que o das mulheres com o passar dos anos. A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e traz novos detalhes sobre o envelhecimento cerebral. Mesmo assim, o trabalho reforça uma dúvida antiga: por que as mulheres ainda são mais afetadas pelo Alzheimer?

Envelhecimento cerebral sob diferentes ritmos

Os pesquisadores analisaram mais de 12,5 mil exames de ressonância magnética de 4.726 pessoas sem Alzheimer. Cada participante realizou dois exames com um intervalo médio de três anos. Assim, foi possível acompanhar as mudanças que ocorrem no cérebro ao longo do tempo.

Eles avaliaram a espessura da massa cinzenta e o volume de áreas associadas à memória, como o hipocampo e o pré-cúneo. Os resultados mostraram que os homens perderam volume mais rapidamente e em regiões mais amplas. No córtex pós-central, responsável pela percepção do tato e da dor, o encolhimento anual foi de 2% entre os homens e 1,2% nas mulheres.

Especialistas ouvidos pela Nature afirmam que os dados reforçam uma tendência: o cérebro masculino envelhece em ritmo mais acelerado. Além disso, a descoberta se alinha à menor expectativa de vida observada entre os homens.

Por que o Alzheimer afeta mais as mulheres?

Apesar de o envelhecimento ser o principal fator de risco para a demência, as mudanças estruturais do cérebro não explicam a diferença entre os sexos. “Se o cérebro das mulheres declinasse mais rápido, isso justificaria a maior incidência da doença”, disse Anne Ravndal, pesquisadora da Universidade de Oslo e coautora do estudo. “Mas observamos o contrário: os cérebros masculinos encolhem com maior intensidade.”

Os cientistas acreditam que outros fatores estão envolvidos. Diferenças hormonais, genéticas e até de longevidade podem influenciar. Caso o declínio cerebral fosse o único motivo, seria possível observar mais desgaste em regiões ligadas à doença nas mulheres. No entanto, o estudo não confirmou essa hipótese.

O que os pesquisadores investigam agora

Os resultados indicam que o envelhecimento do cérebro, isoladamente, não explica a prevalência do Alzheimer entre as mulheres. Por isso, novas linhas de pesquisa buscam entender o papel da genética, dos hormônios e das condições de vida.

Ravndal afirma que compreender essas diferenças é fundamental. “Com o envelhecimento global da população, entender como o cérebro de homens e mulheres reage ao tempo é essencial para criar estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento.”