Caso Hytalo Santos: famílias recebiam até R$ 3 mil para permitir presença de menores nos vídeos

As investigações envolvendo o influenciador paraibano Hytalo Santos revelaram uma prática alarmante. Pais de adolescentes recebiam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por mês. O valor era para permitir que os filhos morassem com o influenciador e aparecessem nos vídeos publicados nas redes sociais. A maioria dessas famílias vive em Cajazeiras, no interior da Paraíba, cidade natal de Hytalo.

Mesmo com os indícios, conselheiros tutelares afirmam que nunca receberam denúncias formais. Em depoimento, uma das mães disse não saber se a filha recebia mesada. Ela também negou que a jovem trabalhasse para o influenciador. Segundo a conselheira Nadyelle Pereira, o conselho não conseguiu contato com os pais dos adolescentes, o que dificultou a investigação.

Influência, denúncias e bloqueios

Hytalo começou a gravar vídeos com adolescentes ainda em Cajazeiras. Ele dava aulas de dança em praças públicas. Com o tempo, ganhou seguidores, mudou-se para João Pessoa e enriqueceu. O conteúdo o levou a conquistar mais de 20 milhões de seguidores nas redes sociais.

Com a fama, passou a ostentar carros de luxo e mansões. Ex-funcionários afirmam que ele recebia grandes quantias em dinheiro vivo e joias. A defesa nega qualquer atividade ilegal.

As denúncias ganharam força após vídeos publicados pelo youtuber Felca. Ele acusou o influenciador de explorar menores em conteúdos com conotação sexual. Após a repercussão, as redes sociais bloquearam a monetização dos seus canais. Mesmo assim, as contas seguiram ativas até a prisão do casal.

Hytalo e o marido foram detidos preventivamente em Carapicuíba (SP). No momento da prisão, os dois portavam quatro celulares cada um. A polícia suspeita que eles já sabiam do mandado e planejavam fugir. A defesa nega. Diz que eles estavam na cidade apenas a passeio.

Os advogados afirmam que não houve exploração sexual nem tráfico de pessoas. Segundo eles, a prisão foi “um exagero”. Já o Ministério Público da Paraíba e o Ministério Público do Trabalho sustentam que há provas de que os menores eram aliciados e submetidos a um regime de trabalho forçado. Os jovens foram levados para João Pessoa e, depois da prisão, devolvidos às famílias.

Posicionamento das plataformas

A Meta informou que as contas de Hytalo foram removidas por violação das regras contra exploração infantil. O TikTok afirmou que já havia banido o influenciador em 2023 e novamente em 2025. Segundo a empresa, os conteúdos não eram elegíveis para monetização. O YouTube também encerrou os canais de Hytalo e do companheiro.

As plataformas reforçaram que usam tecnologia para identificar conteúdos impróprios. Elas afirmam ainda que mantêm canais de denúncia, removem conteúdos suspeitos e cooperam com as autoridades brasileiras.