O acidente que quase tirou a vida de Eduarda Corrêa, de 23 anos, chamou atenção pelo desfecho inesperado. A jovem sobreviveu após ficar mais de duas horas soterrada por uma carga de serragem, em uma alça de acesso da BR-448, em Porto Alegre.
De acordo com especialistas, a estrutura do carro e o tipo de material que caiu sobre ele explicam o que muitos chamaram de milagre. A chamada célula de sobrevivência, área reforçada que protege motorista e passageiros — impediu o esmagamento total do veículo. Além disso, a serragem, por ser leve e porosa, formou uma espécie de colchão de ar, mantendo uma bolha respirável ao redor da motorista.
Durante o resgate, Eduarda permaneceu consciente e chegou a ligar para os pais e para o noivo, Gabriel Zanettin dos Santos, que correu até o local. “Foi uma cena horrível. Achei o carro pelo retrovisor no meio da serragem. Tentei tirar o máximo que dava até os bombeiros chegarem”, contou ele.
Como a estrutura do carro ajudou na sobrevivência
Segundo o médico Ricardo Hegele, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego no Rio Grande do Sul, a integridade do habitáculo foi essencial. “O tombamento ocorreu sobre um veículo com célula de proteção reforçada. Esse tipo de estrutura é projetado para resistir a impactos e proteger os ocupantes em casos de capotamento”, explicou.
Os vidros fechados também contribuíram. Eles impediram que a serragem invadisse a cabine e mantiveram o ar interno por tempo suficiente. “Um carro com vidros fechados pode preservar uma bolha de ar por até uma hora. Isso faz toda a diferença em resgates demorados”, acrescentou o especialista.
O engenheiro mecânico Anderson de Paulo lembra que o uso correto do cinto de segurança e a posição do carro após o impacto foram determinantes. “A área onde ficam motorista e carona é construída como uma cápsula. Em colisões fortes, o motor se desprende da estrutura para evitar invasões no habitáculo”, disse.
Além disso, os sistemas modernos de segurança, como airbags e cintos com travamento automático, ajudam a controlar a desaceleração do corpo em choques violentos. Por isso, mesmo com o carro completamente destruído por fora, o interior permaneceu preservado.
Resgate e recuperação
O resgate durou cerca de duas horas e envolveu equipes do Samu, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros. A jovem foi retirada consciente e levada ao Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. Ela não teve fraturas graves, apenas escoriações leves e um arranhão na testa.
Segundo o noivo, os exames mostraram pressão muscular elevada, o que exigiu hidratação e controle da dor. O quadro de saúde é estável, e Eduarda segue internada em observação.
O motorista da carreta sofreu ferimentos leves e foi encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro de Canoas. A Polícia Rodoviária Federal investiga as causas do acidente.