Uma briga milionária na alta sociedade paulista chegou aos tribunais. O joalheiro Marcelo Assad Scaff Filho acusa a socialite Margareth Costa Carvalho de dar um calote de R$ 40 milhões na compra de joias exclusivas. Segundo ele, ela encomendou as peças, não pagou e se recusa a devolvê-las.
Margareth nega a acusação. Afirma que todas as compras foram quitadas e que algumas joias entregues seriam falsas. O caso foi revelado pelo programa Fantástico neste domingo, 19.
Luxo e polêmica
Margareth é conhecida pelo estilo extravagante. Vive em uma mansão de dois mil metros quadrados, com acabamentos folheados a ouro, e coleciona joias inspiradas em celebridades internacionais. Segundo Marcelo, ela era uma das clientes mais exigentes do mercado. “Se uma cliente tinha uma pedra de 10 quilates, a da Margareth precisava ser de 20”, contou o joalheiro.
A relação comercial entre os dois durou quase uma década e terminou em conflito. O joalheiro afirma que Margareth encomendou 11 peças para um evento de moda na Itália e nunca devolveu. A nota fiscal de consignação, de R$ 246 mil, teria sido substituída depois por uma nota de venda corrigida, totalizando R$ 40 milhões.
Mensagens apresentadas por Marcelo indicam que a própria Margareth pediu as consignações. Já a defesa da socialite sustenta que o joalheiro optou por esse tipo de documento para evitar impostos e que, portanto, não houve fraude.
Versões contraditórias
Após a cobrança, Margareth acusou Marcelo de entregar joias falsas e disse que só pagaria após a substituição das peças. O advogado dela apresentou um termo de quitação datado de abril de 2024, alegando que todas as negociações até aquela data estavam pagas.
A defesa do joalheiro contesta. Afirma que as peças não quitadas foram compradas depois e que a socialite continuou fazendo pagamentos e novas aquisições até o ano seguinte.
A filha de Margareth, Caroline, também foi citada no processo. Segundo Marcelo, ela devolveu bolsas e acessórios alegando defeitos inexistentes. A defesa da família nega e acusa o joalheiro de tentar manchar a reputação das duas.
O mercado de luxo e suas brechas
Especialistas afirmam que as negociações informais são comuns no mercado de luxo. Joias caríssimas costumam ser vendidas fora das lojas, muitas vezes sem nota fiscal. Essa prática, embora frequente, é ilegal e dificulta disputas judiciais.
“O uso de notas de consignação e a ausência de registros fiscais são problemas recorrentes. Isso coloca em risco tanto o comprador quanto o vendedor”, explica Alexandre Evaristo Pinto, professor da USP.
Enquanto a Justiça analisa o caso, a disputa entre joalheiro e socialite expõe um lado pouco conhecido do luxo brasileiro — onde o brilho das pedras preciosas muitas vezes esconde acordos frágeis e milionários.