Brasil reforça relevância do Brics em meio a ameaças tarifárias de Trump

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O Brasil destacou a importância crescente do Brics e defendeu o multilateralismo diante de desafios econômicos e comerciais. A declaração foi feita pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante uma reunião de negociadores do bloco em Brasília, nesta terça-feira, 26 de fevereiro.

As declarações ocorrem em um momento de tensão com os Estados Unidos. O ex-presidente Donald Trump ameaçou impor tarifas severas aos países do Brics que busquem reduzir a dependência do dólar. Na semana passada, em discurso na Casa Branca, Trump disse que qualquer nação do bloco que “mencionar a destruição do dólar” enfrentaria uma tarifa de 150% sobre seus produtos.

Autoridades brasileiras esclareceram que o grupo não está criando uma nova moeda. O objetivo é facilitar transações comerciais em moedas locais e reduzir a intermediação de bancos americanos. Vieira minimizou as ameaças e reforçou o compromisso do Brasil com seus parceiros do Brics.

“Estamos testemunhando um processo de desglobalização. Políticas protecionistas, fragmentação comercial e barreiras não econômicas ameaçam aprofundar as desigualdades globais”, disse Vieira. Para ele, o Brics deve resistir a essa fragmentação e “defender um sistema comercial multilateral aberto, justo e equilibrado”.

A reunião contou com delegações dos cinco membros fundadores – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – além de representantes de novos integrantes e embaixadores de países parceiros, como Nigéria, Belarus e Malásia. O Brasil, que assume a presidência do bloco em 2025, quer aprofundar a coordenação entre os países membros.

Prioridades do Brasil no Brics

Uma das prioridades do país é definir uma posição conjunta sobre financiamento climático antes da Cop30, que acontece em novembro, na cidade de Belém. Maurício Lyrio, representante brasileiro no Brics, destacou a importância do tema. Ele lembrou que os resultados da Cop29 foram insuficientes. No ano passado, apenas 300 bilhões de dólares foram prometidos para financiamento climático. O valor necessário, segundo estimativas, é de 1,3 trilhão de dólares anuais.

O Brasil trabalha para consolidar uma proposta conjunta do Brics sobre financiamento climático. Se bem-sucedida, essa será a primeira vez que o bloco expandido atuará como uma frente unificada em negociações ambientais. “Essa é uma prioridade alta para a presidência brasileira”, afirmou Lyrio.

O Brics também amplia sua influência geopolítica e econômica. Em 2023, o bloco representou 35% do comércio exterior brasileiro. A China, maior parceira comercial do Brasil, recebeu 95,96 bilhões de dólares em exportações brasileiras. O valor foi mais que o dobro do volume comercializado com os Estados Unidos, que ficou em 40,33 bilhões de dólares.

O Brics busca fortalecer sua posição nas negociações globais. O Brasil, como anfitrião da cúpula do bloco em julho, vê a oportunidade como um marco para consolidar sua influência e reforçar o papel do grupo no cenário internacional.