O governo brasileiro reagiu com cautela à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta quarta-feira, 12, que o Brasil buscará o diálogo com Washington e sugeriu a adoção de um sistema de cotas como alternativa para evitar impactos negativos no comércio entre os dois países.
“O Brasil não é o problema”, destacou Alckmin, ressaltando que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com o Brasil desde 2008. Em 2024, esse saldo positivo foi de US$ 253 milhões, em um volume de mais de US$ 80 bilhões em comércio bilateral.
A decisão de Trump revive uma política protecionista adotada em 2018, durante seu primeiro mandato, quando utilizou uma lei da Guerra Fria para justificar a taxação de produtos estrangeiros sob o argumento de proteger a indústria nacional. Na ocasião, alguns países, como Canadá, México e Austrália, conseguiram isenções, enquanto Brasil, Coreia do Sul e Argentina fecharam acordos de cotas para evitar as tarifas.
Alckmin sinalizou que o Brasil tentará renovar esse modelo.
“No passado, quando as tarifas foram aumentadas, foram estabelecidas cotas. Esse é um mecanismo inteligente”, afirmou o vice-presidente, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Preocupação do setor siderúrgico
O setor siderúrgico brasileiro demonstrou preocupação com a medida. O Instituto Aço Brasil, entidade que representa as principais empresas do setor, afirmou que foi surpreendido pelo anúncio e avalia que a decisão não beneficia nem os Estados Unidos nem o Brasil. Em 2024, as exportações brasileiras de aço totalizaram 9,6 milhões de toneladas, uma queda de 18% em relação ao ano anterior. Desse total, 3,4 milhões de toneladas foram destinadas ao mercado norte-americano.
O presidente do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse estar otimista com a possibilidade de um acordo, mas alertou que o tempo para negociações é curto, já que as tarifas começam a valer em março. “Esse acordo de cotas já está em vigor há cerca de seis anos e, se durou tanto tempo, é porque foi benéfico para ambas as partes”, afirmou.
O governo brasileiro agora se prepara para uma rodada de negociações com Washington para tentar evitar que a medida prejudique ainda mais o setor siderúrgico nacional.