Brasil condena tarifas dos EUA sobre aço e alumínio e avalia levar caso à OMC

O governo Lula reagiu nesta quarta-feira à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio brasileiros. Em um comunicado conjunto dos ministérios das Relações Exteriores (Itamaraty) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil classificou a medida como “injustificável” e “equivocada”.

Além de condenar as novas barreiras comerciais, o governo brasileiro afirmou que tomará medidas para proteger os interesses dos produtores nacionais, incluindo uma possível ação na Organização Mundial do Comércio (OMC). Embora tenha perdido influência nos últimos anos, a OMC ainda é considerada um espaço fundamental para disputas comerciais internacionais.

A nota oficial foi divulgada após uma reunião entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente Lula para discutir a resposta do Brasil à decisão dos EUA. O documento ressalta que a imposição unilateral dessas tarifas impacta diretamente o comércio bilateral e contraria o histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países.

Impacto econômico das tarifas

As novas tarifas devem ter um efeito significativo sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio, que movimentaram US$ 3,2 bilhões em 2024. O governo reforçou que, no caso do aço, Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação comercial complementar há décadas, beneficiando ambas as partes.

O governo brasileiro assegurou que atuará para defender os interesses da indústria nacional, buscando uma solução por meio do diálogo com Washington. Ainda assim, levar o caso à OMC é uma opção que será considerada, especialmente caso as negociações diplomáticas não avancem.

Na sexta-feira, Alckmin liderará uma nova rodada de conversas com representantes do governo norte-americano. O vice-presidente afirmou que a prioridade será o diálogo, mas não descartou outras respostas, caso necessário.

“Lamentamos profundamente essa decisão, que encarece produtos e prejudica o comércio”, declarou.

Brasil aposta na diplomacia, mas não descarta retaliação

O chefe da Casa Civil, Rui Costa, destacou que Lula acredita ser possível chegar a um entendimento com os EUA e, por isso, o governo aguardará o resultado da reunião de sexta-feira antes de definir qualquer medida adicional.

Embora Lula tenha mencionado a possibilidade de aplicar reciprocidade caso os EUA mantenham as tarifas, o governo busca evitar um conflito direto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que a estratégia brasileira será baseada na negociação, apostando que as tarifas, além de prejudicarem o Brasil, também não são vantajosas para a economia norte-americana.

A reação do Brasil a essa decisão pode definir os rumos da relação comercial entre os dois países nos próximos anos. Caso as tarifas não sejam revertidas, o governo poderá intensificar medidas para proteger o setor siderúrgico nacional e explorar novas alianças comerciais. O desfecho dessa disputa pode influenciar, inclusive, futuras negociações econômicas globais.

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