O governo brasileiro tenta manter abertos os canais de diálogo com os Estados Unidos após o anúncio do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. Mesmo com a tensão comercial, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior afirmou que o país segue negociando “sem contaminação política ou ideológica”. A medida entra em vigor na próxima sexta-feira, 1º, e impõe uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras.
A nota divulgada pela pasta, comandada por Geraldo Alckmin, reforça que a soberania do Brasil é inegociável. Ainda assim, o país demonstra disposição em discutir soluções que preservem os laços históricos entre as duas economias. Conforme o governo, a parceria com os EUA já dura mais de dois séculos e deve ser fortalecida, mesmo diante das dificuldades.
Segundo o presidente norte-americano, a decisão tem caráter estratégico. Trump argumenta que países com os quais os Estados Unidos mantêm relações desfavoráveis devem ser pressionados a abrir seus mercados. Embora não tenha citado o Brasil nominalmente, o Planalto entende que está na lista de alvos diretos.
Setores afetados no Brasil aguardam resposta efetiva de Washington
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou nos Estados Unidos neste domingo, 27. A princípio, ele cumpre agenda oficial na Organização das Nações Unidas, em Nova York. No entanto, fontes diplomáticas indicam que o chanceler poderá seguir para Washington. Isso dependerá de um sinal claro da Casa Branca de que há interesse em discutir alternativas.
Enquanto isso, a equipe econômica prepara medidas emergenciais. O ministro Fernando Haddad afirmou que já está em curso um plano de contingência. O objetivo é evitar que o impacto sobre as exportações brasileiras atinja diretamente os empregos e a produção. “Não vamos deixar os trabalhadores ao desalento”, declarou.
De acordo com a Amcham Brasil, cerca de 10 mil empresas podem ser afetadas. Juntas, elas empregam mais de 3 milhões de pessoas no país. Além disso, o tarifaço também pode prejudicar grandes multinacionais americanas instaladas no Brasil, como a General Motors, Johnson & Johnson e Caterpillar.
Segundo Alckmin, essas empresas têm longa história no Brasil e operam com grande presença no mercado norte-americano. Dessa forma, também devem se mobilizar para evitar que a sobretaxa entre em vigor sem discussão.