Durante 12 partidas, o Botafogo entrou em campo com uma mancha de apenas quatro milímetros nas costas do uniforme — e quase ninguém percebeu. O detalhe, longe de ser um erro ou acidente, fazia parte de uma campanha silenciosa, mas impactante, para alertar a população sobre o melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele.
A iniciativa, batizada de “O patrocínio que ninguém viu”, foi desenvolvida em parceria com o Instituto Melanoma Brasil. O objetivo era claro: usar o alcance do futebol para conscientizar sobre os riscos de uma doença silenciosa e muitas vezes ignorada. O local escolhido para o sinal foi estratégico — próximo ao número dos jogadores, mas discreto o suficiente para passar despercebido pelo público.
A presidente do Instituto Melanoma Brasil, Rebecca Montanheiro, reforça a importância da campanha. Segundo ela, o melanoma pode surgir em qualquer parte do corpo e, com frequência, é confundido com pintas comuns.
“Muitas vezes, deixamos de dar a devida atenção e adiamos a consulta ao dermatologista. O diagnóstico precoce pode salvar vidas. Por isso, campanhas como essa são essenciais”, destacou.
O marketing do Botafogo também abraçou a causa com seriedade.
“Aqui no clube, acreditamos que o futebol vai além das quatro linhas. Nosso propósito com essa ação foi destacar uma doença que, justamente por ser invisível à maioria, precisa ser discutida”, explicou Pedro Souto, diretor de marketing do clube.
Segundo ele, a escolha por uma mancha pequena, quase imperceptível, teve o intuito de reproduzir o comportamento do próprio melanoma, que muitas vezes se apresenta como uma pinta inofensiva. A ideia era despertar a curiosidade e, ao mesmo tempo, conscientizar de forma sutil — mas profunda.
A ação do Botafogo não apenas inovou no uso do uniforme como ferramenta de comunicação, mas também reforçou o papel social dos clubes de futebol na promoção de temas relevantes à saúde pública. Em tempos de campanhas ruidosas e publicidade agressiva, a iniciativa mostra que, às vezes, o silêncio comunica mais.