A liquidação extrajudicial do Banco Master, determinada pelo Banco Central nesta terça-feira, movimentou o mercado financeiro e deixou correntistas em busca de respostas. Embora o processo encerre as atividades da instituição, uma parcela dos clientes terá seus recursos protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). A cobertura vale para depósitos e determinados investimentos, desde que sigam os limites e regras previstos pelo fundo.
A decisão do BC marca o fim das operações do Master após meses de instabilidade. A instituição vinha enfrentando dificuldades, especialmente por causa de títulos emitidos com rentabilidade muito acima da média do mercado, o que pressionou seu caixa e levantou suspeitas sobre a capacidade de honrar compromissos. O cenário culminou na liquidação, que transfere o controle para um liquidante responsável por organizar as contas, vender ativos e pagar credores na ordem estabelecida por lei.
Como funciona a devolução do dinheiro pelo FGC
O FGC destacou que investidores e correntistas com recursos elegíveis poderão solicitar o ressarcimento assim que a lista de credores for encaminhada pelo liquidante. Essa etapa costuma levar algumas semanas. Em liquidações recentes, o prazo médio ficou entre 14 e 40 dias, dependendo da velocidade do levantamento dos dados.
A indenização é limitada a R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição. Esse valor considera o montante aplicado somado aos rendimentos acumulados até a data da liquidação. Estão cobertos depósitos e investimentos tradicionais de renda fixa, como CDBs, LCIs e LCAs. Assim que o fundo receber as informações oficiais, a solicitação será liberada no aplicativo do FGC para pessoas físicas, enquanto empresas farão o pedido pelo site.
O processo exige o envio de documentos, informação da conta bancária e validação biométrica. Após a assinatura do termo, o pagamento costuma ser liberado em até 48 horas úteis, caso não haja inconsistências. Valores superiores ao limite de cobertura entram diretamente na massa falida do banco, sem garantia de recebimento futuro.
O FGC também orienta familiares de clientes falecidos. Nesses casos, o atendimento ocorre fora do aplicativo, pois o pagamento depende de documentação específica, como inventário ou termo de nomeação.
A liquidação do Banco Master acontece em meio a investigações que envolvem emissão de CDBs sem lastro comprovado. Segundo a Polícia Federal, o banco teria comercializado R$ 50 bilhões em títulos com juros elevados, mas sem a estrutura necessária para arcar com os pagamentos. Parte desses recursos foi usada em operações irregulares, como a venda de créditos inexistentes para o BRB.
A EFB Regimes Especiais de Empresas foi designada para conduzir a administração temporária. Com a liquidação decretada, qualquer negociação de venda do banco fica automaticamente suspensa. O processo agora avança para a fase de identificação completa dos credores e posterior liberação dos valores cobertos pelo FGC.
