Banco Central barra compra do Banco Master pelo BRB

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O Banco Central (BC) rejeitou, nesta quarta-feira, 3, a proposta do Banco de Brasília (BRB) para adquirir o Banco Master. A instituição confirmou a decisão e solicitou acesso à íntegra do parecer. Dessa forma, pretende avaliar os fundamentos e definir os próximos passos.

Segundo o BRB, a operação era estratégica e poderia gerar valor para clientes, acionistas e o Distrito Federal. Já o Banco Master informou que aguarda o documento completo para analisar alternativas. Apesar da decisão, a instituição diz manter confiança na própria estratégia de crescimento.

Operação dependia do aval do BC

O acordo foi anunciado em março e previa a compra de 49% das ações ordinárias, 100% das preferenciais e 58% do capital total do Master. Como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já havia aprovado a operação em junho, a autorização do BC seria o último passo para concluir a negociação.

A análise durou mais de cinco meses. No entanto, o Banco Central ainda tinha quase um ano de prazo para decidir. A reprovação acontece em meio a críticas ao modelo de captação do Master, que oferecia CDBs com taxas elevadas. Além disso, o banco aplicava recursos em ativos de baixa liquidez, como precatórios e participações societárias, o que aumentava os riscos.

Pressão política e reação do governo

A decisão foi tomada um dia após líderes do Centrão pedirem urgência na votação de um projeto que permite ao Congresso demitir diretores do BC. Para analistas, a medida foi interpretada como tentativa de pressão para influenciar a aprovação da compra.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que acompanha o caso com preocupação. Embora defenda maior autonomia orçamentária para o Banco Central, ele criticou a proposta de transformar a instituição em pessoa jurídica de direito privado, como prevê a PEC 65 de 2023.

Estratégia do Banco Master em debate

O Banco Master cresceu nos últimos anos com uma política considerada arriscada. Para atrair investidores, oferecia CDBs com taxas acima da média e contava com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Por causa disso, o BC e o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovaram novas regras para reduzir riscos de captação excessiva. As normas entram em vigor em junho de 2026 e terão período de adaptação. O objetivo é reforçar a segurança do sistema financeiro e evitar desequilíbrios no mercado.