Azul entra com pedido de recuperação judicial nos EUA e anuncia corte de 35% na frota

A Azul Linhas Aéreas anunciou, nesta quarta-feira, 28, que entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o chamado Chapter 11, um mecanismo usado para reestruturação de dívidas. O processo prevê a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em débitos e inclui um financiamento de US$ 1,6 bilhão, além de até US$ 950 milhões em novos aportes de capital.

A decisão, antecipada pelo Valor Econômico, segue o exemplo de outras empresas brasileiras, como Latam e Gol, que também recorreram ao Chapter 11 para reorganizar suas finanças.

A Azul afirma que as operações e vendas de passagens continuam funcionando normalmente, sem alterações para os passageiros. O programa de fidelidade e os benefícios oferecidos aos clientes também permanecem sem mudanças.

Apesar disso, a companhia anunciou que irá reduzir sua frota em 35%. Em 2024, a Azul transportou cerca de 30,8 milhões de passageiros e operava com 181 aeronaves. Agora, com a redução prevista, a empresa deve operar com pouco mais de 110 aviões.

Segundo fontes do setor, o processo de recuperação judicial pode ser finalizado entre o final de 2025 e o início de 2026.

O CEO da Azul, John Rodgerson, destacou que a decisão de entrar com o pedido de recuperação foi um passo estratégico:

“A Azul continua a voar – hoje, amanhã e no futuro. Esse acordo com os credores é um marco importante na transformação do nosso negócio e vai nos permitir emergir como líderes no setor”, afirmou.

A companhia também informou que conta com o apoio de parceiros estratégicos, como United Airlines, American Airlines e AerCap, a maior arrendadora de aviões da Azul. A dívida com a AerCap representa cerca de 60% dos contratos de leasing da empresa.

Os desafios financeiros da Azul não são novos. A empresa já enfrentava dificuldades devido aos impactos da pandemia, às turbulências econômicas e à alta do dólar frente ao real, além de problemas na cadeia de suprimentos da aviação. Uma fonte do setor revelou que os custos com juros da dívida aumentaram quase dez vezes em 2024, em relação a 2019.

Na Bolsa de Valores, a reação foi negativa: as ações da Azul chegaram a cair 12% no início do pregão, mas fecharam com recuo de 3,74%, cotadas a R$ 1,03. Em Nova York, as ADRs da companhia despencaram 30% nas negociações desta manhã, antes da abertura oficial do mercado.

A Azul reafirma que o Chapter 11 é uma reestruturação voluntária, acordada com os credores, e não uma medida emergencial para proteção imediata. A expectativa é de que o processo fortaleça a empresa para o futuro.