Nesta quinta-feira, 13, a Polícia Civil prendeu em Fortaleza o ator José Aldanísio Paiva da Silva e a influenciadora Regina Jorge Belo da Fonseca, ambos de 50 anos, sob a acusação de desviarem doações destinadas às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O casal alegou dificuldades financeiras para justificar suas ações.
Além dos mandados de prisão por fraude, os suspeitos foram flagrados com documentos falsos usados para abrir contas bancárias, prática que facilitava seus golpes virtuais.
José Aldanísio Paiva é conhecido por suas atuações em filmes como “Cine Holliúdy” e “Bezerra de Menezes: O Diário de Um Espírito”. Ele também lançou o livro “Cordel Vivo — A Arte de Aldo Anísio” em 2023. Regina Belo, sua namorada, é apresentadora de rádio e influenciadora digital com 26 mil seguidores, onde compartilha entrevistas e dicas de saúde e estética.
Modus Operandi da Fraude
A investigação, conduzida pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, revelou que o casal criou 235 chaves Pix diferentes para desviar dinheiro de campanhas de arrecadação. Durante o mês de maio, novas chaves Pix eram criadas diariamente.
Segundo o delegado João Vitor Heredia, da Delegacia de Crimes Informáticos e Defraudações do Rio Grande do Sul, o casal usava documentos verdadeiros de um casal de idosos de Fortaleza, substituindo as fotos para criar documentos falsos. Com esses documentos, abriam contas em bancos digitais e criavam as chaves Pix usadas nas fraudes.
O casal identificava campanhas legítimas nas redes sociais e alterava um dígito das chaves Pix das campanhas reais para desviar as doações. Influenciadoras como Paola Saldívia e Deise Falci, que arrecadavam fundos para cuidar de animais resgatados das enchentes, foram vítimas da fraude. Seguidores dessas influenciadoras relataram que as doações não estavam chegando aos destinatários corretos, o que levou à investigação.
A operação, batizada de “Doppelganger”, nome inspirado no folclore alemão que significa “duplo ambulante”, reflete a utilização de documentos falsos para simular a identidade de outro casal.
Operação Dilúvio Moral
A ação faz parte da Operação Dilúvio Moral, que visa reprimir crimes virtuais relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul. Com o apoio da Polícia Civil do Ceará, a operação já resultou na análise de mais de 60 casos, com a instauração de 30 inquéritos e a retirada do ar de 71 páginas fraudulentas, prevenindo um enriquecimento ilícito de dezenas de milhares de reais.
Os suspeitos alegaram dificuldades financeiras para justificar suas ações, conforme relatado pelo delegado Heredia. “Eles nos adiantaram que estavam em dificuldades financeiras e precisavam de dinheiro”, disse o delegado.
A operação continua, com a Polícia Civil trabalhando para identificar e responsabilizar outros envolvidos em práticas criminosas similares.