Atividade econômica do Brasil desacelera com aumento da taxa de juros

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A atividade econômica no Brasil teve um crescimento modesto de 0,1% em novembro, conforme o índice de atividade do Banco Central, que serve como um indicador do PIB. Esse desempenho ficou ligeiramente acima da previsão de economistas, que não esperavam variações no período. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, a atividade registrou um aumento de 4,11%, segundo um relatório divulgado na última quinta-feira.

Em relação ao mês de outubro, o índice foi revisado para um crescimento de 0,09%, após uma correção do valor anteriormente registrado, de 0,14%.

Esse pequeno crescimento ocorre após vários trimestres de resultados econômicos mais fortes do que o esperado. O consumo das famílias foi impulsionado pela queda do desemprego, e o governo anunciou, no final de 2024, isenções fiscais para famílias de baixa renda. No entanto, o Banco Central manteve sua postura de aumento de juros, com uma previsão de elevação da taxa para 14,25% até março, ante os atuais 12,25%.

Análise econômica

Adriana Dupita, economista especializada em Brasil e Argentina, indicou que, apesar da queda nos índices de produção industrial, vendas no varejo e volume de serviços em novembro, a economia brasileira tem apresentado sinais de crescimento moderado. A estimativa preliminar para o desempenho de dezembro aponta para uma queda de 0,5% no mês, com uma alta de 3,7% no comparativo anual. Com isso, a previsão para o PIB do quarto trimestre de 2024 é de um crescimento de 0,1%.

Segundo o economista-chefe para a América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, os impactos externos e internos da economia brasileira serão mais pesados em 2025, com juros mais altos e estímulos fiscais reduzidos. No entanto, a atividade agrícola robusta e o mercado de trabalho firme devem amenizar os impactos negativos.

Inflação e pressão sobre a economia

A demanda interna elevada nos últimos meses tem pressionado a inflação para além da meta do Banco Central de 3%. Em dezembro, os preços ao consumidor aumentaram 4,83% em relação ao ano anterior, impulsionados por itens alimentícios e bens industriais, afetados por condições climáticas adversas e pela desvalorização do real.

A inflação foi um dos motores do aumento dos custos de vida em 2024, e o governador do Banco Central, Gabriel Galipolo, mencionou em uma carta pública que o nível de juros está caminhando para um patamar “bastante restritivo”. O diretor de Política Econômica da instituição, Diogo Guillen, expressou confiança nas ferramentas do Banco Central para controlar a inflação, apesar das pressões sobre a economia.

Desafios fiscais e políticas governamentais

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta crescente ceticismo no mercado financeiro, especialmente com relação às promessas de melhorar as contas públicas. O pacote de austeridade, que foi modificado no Congresso, somado a planos para impulsionar o consumo entre famílias de baixa renda, resultou em uma queda acentuada da moeda brasileira no mercado financeiro, com o real alcançando o menor valor histórico em 2024.

A depreciação cambial, impulsionada principalmente por fatores domésticos, foi uma das principais causas do aumento da inflação além do teto de tolerância estipulado pelo Banco Central no ano passado, conforme Galipolo.

Artigo traduzido de Bloomberg