A recente medida do governo argentino, liderado pelo presidente Javier Milei, está incentivando uma significativa movimentação de dólares, que anteriormente estavam escondidos em casa, para os bancos. O aumento nos depósitos em dólares é uma demonstração de confiança na administração de Milei e no seu programa de anistia fiscal.
Incentivo e aumento dos depósitos
Desde que Javier Milei assumiu a presidência em 10 de dezembro de 2023, os depósitos em dólares na Argentina cresceram 40%, atingindo US$ 19,8 bilhões (aproximadamente R$ 112 bilhões), o nível mais alto desde o final de 2019, conforme dados do Banco Central. Esse aumento se alinha com uma das promessas de campanha de Milei: a dolarização da economia, uma meta que ainda está distante, mas que vê um progresso significativo com o novo incentivo.
A medida mais recente, que entrou em vigor em 17 de julho, é parte de um programa de anistia fiscal que permite que os argentinos declarem até US$ 100 mil (cerca de R$ 562,5 mil) em dinheiro anteriormente mantido fora do sistema financeiro sem pagar impostos. Qualquer valor excedente é taxado em 5%, e montantes maiores podem ser declarados isentos de impostos se investidos em títulos, imóveis ou outras exceções. A oportunidade de declarar os dólares perdura até março de 2025, após o qual impostos mais altos serão aplicados sobre o valor excedente.
Impacto da anistia fiscal e perspectivas futuras
A anistia fiscal já teve um impacto substancial, com cerca de US$ 5,7 bilhões (R$ 32 bilhões) adicionados aos depósitos desde a posse de Milei. Aproximadamente US$ 1,4 bilhão (R$ 7,9 bilhões) desse valor foi captado após a implementação do programa, com cerca de 100 mil novas contas abertas especificamente para esse fim. O governo estima que pelo menos US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões) possam ser captados através dessa medida.
Luis Caputo, ministro da Economia, destacou que o objetivo da anistia não é arrecadar impostos, mas acelerar o processo de integração dos dólares ao sistema financeiro e promover uma coexistência mais flexível das moedas. Ele também ressaltou que a medida contribui para a concorrência e para a redução de práticas predatórias por parte das instituições financeiras.
Contexto e desafios
Apesar do aumento nos depósitos, esses valores ainda representam uma pequena fração dos cerca de US$ 204 bilhões (R$ 1,14 trilhões) que estão guardados em espécie na Argentina. Historicamente, manter economias em dólares fora do sistema bancário tem sido uma prática comum no país devido às frequentes crises financeiras e altas taxas de imposto.
Embora o aumento dos depósitos represente uma melhora nas reservas do Banco Central, os desafios persistem. As reservas líquidas estão em níveis negativos, com uma defasagem de aproximadamente US$ 6 bilhões, conforme dados da corretora local PPI.
Em resumo, o novo incentivo fiscal de Milei está trazendo uma mudança significativa no comportamento financeiro dos argentinos, embora o impacto total sobre a economia e as reservas do Banco Central ainda seja um cenário a ser observado.