Aprovação de Lula cai entre deputados e 46% avaliam governo como negativo, diz Quaest

A pesquisa mais recente da Quaest revelou que o presidente Lula enfrenta seu momento mais delicado no Congresso Nacional desde que iniciou o terceiro mandato. Segundo o levantamento, 46% dos deputados federais avaliam negativamente a atuação do governo, enquanto apenas 27% mantêm uma percepção positiva — o menor índice registrado até agora.

O estudo foi realizado entre 7 de maio e 30 de junho de 2025, com 203 parlamentares ouvidos, o que representa cerca de 40% da Câmara dos Deputados. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais.

Apesar de ainda contar com apoio majoritário entre a base governista, a queda mais expressiva na aprovação veio dos deputados independentes. Nesse grupo, a avaliação negativa saltou de 20% em 2023 para 44% neste ano. Em contrapartida, o índice de avaliação positiva recuou para 8%.

Relação com o Congresso também piora

Além da avaliação pessoal sobre o governo, os deputados também demonstraram maior insatisfação com a articulação entre o Planalto e o Congresso. De acordo com os dados, 51% consideram negativa a relação com o Legislativo. No ano passado, esse número era de 41%. Atualmente, apenas 18% avaliam a relação de forma positiva.

A rejeição ao governo é especialmente forte entre parlamentares de direita — 86% classificam a gestão como ruim. Entre os de centro, 53% enxergam o governo como regular. Já entre os de esquerda, 84% mantêm avaliação positiva.

Geograficamente, o Nordeste é a única região onde Lula ainda encontra um cenário mais equilibrado: 37% dos deputados nordestinos aprovam sua gestão. Em todas as outras regiões, a avaliação negativa supera a positiva com folga.

Expectativas para 2026 e favoritismo da oposição

Mesmo com 68% dos deputados acreditando que Lula será candidato à reeleição em 2026, a expectativa não é otimista dentro da Câmara. Para metade dos parlamentares, a oposição é favorita no pleito. Apenas 35% apontam Lula ou um candidato alinhado ao governo como provável vencedor.

Nesse cenário, o nome mais citado espontaneamente como principal adversário é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com 49% das menções. Jair Bolsonaro, atualmente inelegível, aparece em segundo lugar com 13%, seguido de Michelle Bolsonaro (6%) e Eduardo Bolsonaro (5%).

Curiosamente, 51% dos deputados acreditam que Bolsonaro deveria abrir mão da candidatura para apoiar outro nome.

Propostas com mais e menos apoio

A pesquisa também revelou o posicionamento dos deputados em relação a pautas em debate no Congresso. Entre as propostas com maior aprovação estão:

  • Aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (88%);
  • Exploração de petróleo na Amazônia (83%);
  • Endurecimento das penas para roubos (76%).

Por outro lado, o fim da escala 6×1 enfrenta ampla rejeição: 70% dos deputados são contra a proposta. A mesma porcentagem desaprova a exclusão de verbas do Judiciário do teto de gastos.

A proposta do governo que pretende acabar com os supersalários também encontra resistência: 53% são contra, enquanto apenas 32% apoiam.

Economia, violência e corrupção são os principais problemas

Quando perguntados sobre os maiores desafios do país, os deputados apontaram a economia como principal problema, com 31% das respostas. Entretanto, a violência teve um salto expressivo: saltou de 7% para 23% em menos de dois anos, tornando-se a segunda preocupação mais citada.

Corrupção aparece em terceiro lugar (16%), seguida por questões sociais (10%), saúde (3%) e educação (2%).

STF é visto como invasivo por quase metade da Câmara

A atuação do Supremo Tribunal Federal também foi abordada na pesquisa. Para 49% dos deputados, o STF “sempre” invade as competências do Legislativo. Outros 28% disseram que isso ocorre “às vezes”.

De modo geral, 48% têm uma visão negativa da Corte, enquanto apenas 27% a avaliam positivamente.

Hugo Motta tem aprovação ampla entre parlamentares

Em contraste com a avaliação do governo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), possui índice de aprovação expressivo. Segundo a Quaest, 68% dos deputados classificam sua gestão como positiva. O apoio é forte tanto entre independentes (82%) quanto na base governista (77%).