Apreensão de navio petroleiro pelos EUA eleva tensão com a Venezuela

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A relação entre Washington e Caracas ficou ainda mais sensível nesta quarta-feira, depois que o presidente Donald Trump anunciou que forças americanas apreenderam um navio petroleiro sancionado próximo à costa venezuelana. A operação movimentou o mercado internacional de petróleo e renovou as disputas diplomáticas entre os dois países.

Segundo Trump, o navio seria um dos maiores já interceptados pelos EUA em ações do tipo. Ele confirmou apenas que diferentes agências federais participaram da abordagem, sem revelar o nome da embarcação ou sua posição exata no momento da operação. Minutos depois, o governo venezuelano classificou o episódio como “pirataria internacional” e afirmou que levará o caso a organismos internacionais.

A apreensão ocorre em um contexto marcado por sanções americanas ao petróleo venezuelano desde 2019. Além disso, é a primeira ação desse tipo desde o reforço militar dos EUA na região. O aumento das operações navais levanta, desde setembro, críticas de especialistas que questionam a legalidade de ataques a barcos suspeitos de tráfico, que já deixaram mais de 80 mortos em poucos meses, segundo dados oficiais citados pela imprensa americana.

O impacto no setor de petróleo

Informações de grupos independentes de monitoramento indicam que o navio apreendido seria o VLCC Skipper, anteriormente conhecido como Adisa. Ele havia deixado o porto venezuelano de Jose entre 4 e 5 de dezembro com cerca de 1,8 milhão de barris de petróleo pesado. Parte da carga teria sido transferida próximo a Curaçao antes da abordagem. Autoridades marítimas da Guiana afirmam que o navio usava ilegalmente a bandeira do país.

A notícia influenciou imediatamente as cotações internacionais. O Brent e o WTI fecharam em leve alta, impulsionados pela percepção de risco sobre a oferta global. Analistas destacaram que, embora o carregamento já estivesse sob sanção, a operação amplia a incerteza sobre o fluxo de barris oriundos de países sob restrições. Ainda assim, venezuelanos exportaram mais de 900 mil barris por dia no mês passado, uma das maiores marcas do ano.

Enquanto isso, operações da Chevron, responsável por todo o petróleo venezuelano enviado legalmente aos EUA, continuam sem alteração significativa. A companhia ampliou seus embarques recentemente, chegando a 150 mil barris diários.

Consequências políticas

O governo de Nicolás Maduro evitou comentar diretamente a apreensão durante atos públicos realizados na quarta-feira. Porém, tem reiterado que interpreta a postura americana como tentativa de pressionar sua permanência no poder e de controlar reservas estratégicas de petróleo.

Trump, por sua vez, tem reforçado um discurso de retomada da influência dos EUA no hemisfério ocidental. Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada no mesmo dia apontou que boa parte dos americanos se opõe ao uso de força letal em ações navais sem autorização judicial, inclusive entre eleitores republicanos.

A escalada ocorre enquanto a política externa dos EUA passa por revisão sob o novo governo conservador, que promete endurecer ainda mais a vigilância sobre rotas marítimas associadas a Venezuela, Irã e Rússia.